Posto policial no centro de Curitiba gera polêmica

A falta de segurança motivou um grupo de moradores a levantar recursos para a construção de um posto policial na Praça Oswaldo Cruz, no centro de Curitiba. A unidade ficou pronta no início do ano e está sendo parcialmente ocupada pela 1.ª Companhia, do 12.º Batalhão. Mas os moradores continuam insatisfeitos. Afirmam que havia a promessa, tanto da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) quanto da Polícia Militar, de que o prédio seria a sede da companhia. Até agora, parte da estrutura que custou R$ 200 mil continua ociosa. 

Durante três anos, os moradores lutaram pela construção do posto policial. Recorreram à Prefeitura e ao governo do Estado, mas a resposta era sempre a mesma: falta de dinheiro. Foi aí que eles resolveram ir atrás de recursos particulares para a construção e a compra dos móveis. Conseguiram levantar R$ 200 mil com a iniciativa privada e o posto ficou pronto em fevereiro deste ano. Porém, até agora não foi inaugurado.

No início do ano, parte da 1.ª Companhia do 12.º Batalhão, responsável pelo policiamento no centro da cidade, foi transferida para o local. A sede no Passeio Público estava comprometida e acabou sendo demolida para a contrução de outra. Embora a presença da polícia na praça seja constante, a situação ainda não agrada os moradores.

Calixto Lopes Ferreira explica que em conversas com a Sesp e a Polícia Militar havia sido acordado que a 1.ª Companhia do 12.º Batalhão seria transferida para o local. Mas até agora o prédio vem sendo ocupado de forma parcial. A sala de atendimento, a de reunião, as duas de comando e a sala de monitoramento estão vazias. A maior parte do espaço que custou R$ 200 mil e tem as contas de água e luz pagas pela iniciativa privada ainda está ociosa.

Calixto conta que, há duas semanas, estão tentando um encontro com o Comando Geral da Polícia Militar para tentar encontrar uma solução para o problema, mas ainda não tiveram nenhuma resposta. ?Queremos que após todo esforço, o prédio seja inaugurado e ocupado oficialmente para fazer a segurança de que precisamos?, reclamou.

O comandante da 1.ª Companhia, capitão Bruno Soares da Silva, disse que o prédio na Praça Oswaldo Cruz dificilmente será a sede da companhia porque não foi construído de forma adequada. Um dos problemas seria a falta de espaço para estacionar as viaturas. Ele diz ainda que não está definido onde será construída a nova sede. Cogita-se o Passeio Público ou na praça em frente ao Círculo Militar. Já o prédio construído na Oswaldo Cruz deve abrigar um posto avançado de policiamento ostensivo.

Sensação de segurança melhorou

Foto: Chuniti Kawamura
Antônio: ?Situação normal?.

Apesar de o prédio não abrigar a sede da 1.ª Companhia, o resultado da presença dos policiais já foi sentida pelos moradores e comerciantes da região. Aos domingos, principalmente, a praça e a Avenida Sete de Setembro viravam um verdadeiro campo de guerra. Grupos de jovens rivais se encontravam para brigar e promover arrastões.

Iva Pereira conta que mora a duas quadras da praça e aos domingos era quase impossível descer do prédio. ?Era um inferno, gangues brigando, entoando gritos de guerra, jogavam pedras uns nos outros, não dava nem para chegar até o shopping?, falou.

Clara Oliveira trabalha numa loja na região e diz que outro problema era a presença constante de batedores de carteira. ?Eles sempre vinham e jogavam as carteiras vazias no lixo em frente da nossa loja?, conta. Agora ainda há pessoas que praticam furtos na região, mas o número diminuiu.

Vladimir Aparecido da Silva trabalha numa banca ao lado da praça e também estava satisfeito com a presença da polícia. Ele diz que a molecada não assaltava o estabelecimento, mas roubava dos clientes. ?Agora a situação melhorou muito. A gente trabalha mais tranqüilo. A molecada não vêm mais aqui porque sabe da presença dos policiais?, comentou.

Os taxistas também estavam sofrendo com a presença das gangues. Antônio Carlos Melnik conta que algumas vezes o movimento chegava a diminuir porque as pessoas evitavam ir à praça ao lado do shopping. Outro problema era o prejuízo material. Durante uma briga, um colega dele teve o vidro despedaçado por uma pedrada. ?Desde que a polícia chegou à praça, a situação voltou ao normal?, falou. (EW)

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