Moradores e trabalhadores do Boqueirão, em Curitiba, reivindicam a instalação de mais uma delegacia na região. Eles dizem que o 7.º Distrito Policial, localizado na Vila Hauer, não dá conta de toda a demanda. Histórias de arrombamentos e assaltos já fazem parte do dia-a-dia da população, que formou uma comissão e está colhendo assinaturas para um abaixo-assinado, que será entregue ao governador. Já foram colhidas 15 mil assinaturas, mas a expectativa é chegar a 50 mil.
Em poucos minutos de conversa com os moradores, é possível ouvir várias histórias de violência no bairro. Para eles, se houvesse mais uma delegacia para realizar investigações, o número de ocorrências seria menor. Segundo o membro do conselho de segurança Dionísio Luiz Pego, existem 430 mil moradores na região e apenas um distrito policial. Ele diz que existe uma recomendação internacional estabelecendo que cada unidade atenda no máximo 115 mil habitantes. Ou seja, a delegacia estaria atendendo 315 mil pessoas a mais. “A gente comunica o assalto e eles chegam três horas depois. Não adianta, pois o bandido já fugiu”, fala.
A demora no atendimento e a dificuldade para pegar os bandidos tem desestimulado as pessoas a fazerem o boletim de ocorrência. O presidente do Conselho Escolar, Francisco Garcez, ressalta que, por causa dessa dificuldade, as estatísticas sobre o bairro não retratam a realidade, implicando em conseqüências negativas. “As políticas públicas são elaboradas em cima desses números”, comenta.
Descontentamento
Além dos moradores, os profissionais que trabalham na região também estão descontentes com a deficiência do trabalho da polícia. O presidente da Associação dos Empresários do Grande Boqueirão, Adalberto Kovalic, conta que seu cunhado tinha um supermercado e em um ano e meio foi assaltado seis vezes. Depois disso, fechou as portas. Nas três primeiras vezes, fez o boletim de ocorrência, mas como os marginais nunca foram presos, acabou desistindo. “Nós sabemos que o problema não são os policiais, mas o baixo efetivo para atender uma região tão grande”, destaca. Ele explica que a delegacia fica na Vila Hauer e quem mora perto da divisa com São José dos Pinhais fica desamparado.
A fisioterapeuta Mila Regina Zanon também tem várias histórias para contar. Em um ano, sua clínica já foi assaltada quinze vezes. Levaram desde equipamentos até aparelho de som. Ela já investiu R$ 5 mil em segurança e todo mês ainda desembolsa mais R$ 500 para pagar uma empresa de vigilância e manter dois cachorros. “O dinheiro que teria para investir na compra de equipamentos, preciso aplicar na segurança”, lamenta.
Suérli Nunes conta que o sábado é um dia de terror para os cabeleireiros. “São assaltados até seis estabelecimentos”, relata. “Além de levar o dinheiro, levam equipamentos e aterrorizam os clientes”.