Cléber França/Diário do Norte do Paraná
Protesto por segurança realizado no município de Maringá.

O aumento da criminalidade no interior do Estado é fato. Mesmo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não divulgando números sobre essa constatação – sob alegação de que as estatísticas não estão fechadas – basta uma consulta aos conselhos comunitários de segurança para perceber que o aumento no número de assaltos e mortes violentas é real. O motivo, como em qualquer outro canto do País, está relacionado principalmente ao consumo e tráfico de drogas e, somada a isso, a sensação de impunidade alimentada pela falta de recursos para punição e reeducação adequadas.

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O secretário de Defesa Social de Umuarama (noroeste do Estado), Ricardo Ulian, conta que segurança é a reivindicação número um da população de cerca de 110 mil habitantes. ?A Prefeitura decidiu agir, então, intervindo na Guarda Municipal?, diz. O efetivo foi dobrado, receberam treinamento e armas, sede informatizada, novas viaturas e a responsabilidade de permanecer 24 horas nas ruas. Demanda principal: coibir os assaltos à mão armada.

A medida ajudou mas, para Ulian, a briga principal ainda não foi ganha. ?Umuarama é cidade universitária, atraente para os traficantes. Nós necessitamos de uma companhia independente da Polícia Militar?, explica.

Ponta Grossa

Já em Ponta Grossa, o problema maior é com a falta de vagas na cadeia pública. ?Só não prendemos mais gente porque não temos onde colocar; estamos com o dobro da capacidade do presídio?, conta o presidente da Associação Comercial e Industrial, Jordão Bhals. ?O nosso grande problema aqui é o menor drogado roubando para poder comprar entorpecente. Todo dia tem ocorrência desse tipo; eles são presos e em seguida, soltos. Hoje falta estrutura para locar os infratores.?

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Em Cascavel, oeste do Paraná, mortes violentas também marcam a cidade. Na semana passada, um vigilante foi morto a sangue frio quando tentava socorrer duas mulheres vítimas de um assalto. A comunidade se revoltou e armou um protesto contra a violência. ?A criminalidade é grande, a gente fica meio estarrecido porque estava acostumado há dez, quinze anos, com uma cidade pacata?, compara o presidente do Conseg do município, Francisco Justo Junior.

Comunidade de Maringá vai à luta contra a violência

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Os habitantes do município modelo do noroeste do Estado não se conformam com a violência. Por isso, mesmo não conseguindo contê-la, investem em ações próprias para pelo menos coibir o crime. É o que afirma o presidente do Conseg maringaense, Everaldo Formazzi. ?Há trinta anos a comunidade tem políticas de combate à criminalidade junto com a polícia. O primeiro centro integrado de operações de segurança pública fomos nós que fizemos, além da patrulha escolar, que aqui já existia há muitos anos?, exemplifica.

Mas ele ressalva: ?Quando a gente vê os números (da criminalidade) crescendo, percebemos que o Estado não investe em nosso esforço?, reivindica, dizendo que o município, acostumado a ter índices menores que de todo o Estado, tem de se virar sozinho para tentar manter a casa em ordem. ?Maringá tem o mesmo policiamento que tinha em 1976; e nesses trinta anos, praticamente duplicou a população?, cita. O 4.º batalhão, que atende a 23 municípios da região, deveria ter, pelos cálculos do Conseg, pelo menos 890 policiais, mas conta apenas com 390.

Problema está relacionado às drogas

A polícia relaciona violência às drogas. Quem confirma é o delegado chefe da Divisão do Interior da Polícia Civil, Luís Alberto Cartaxo de Moura. ?A violência atinge hoje os grandes centros do interior em crescimento proporcional à questão das drogas. Tanto que 75% dos índices de homicídios estão ligados a este fator?, ressalta. Por isso, unidades específicas de repressão aos narcóticos estão sendo instaladas nos municípios de Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu e Pato Branco, um dos corredores do tráfico. ?Essas unidades trabalharão com serviço de inteligência próprio?, caracteriza.

Fora isso, a polícia ainda enfrenta a falta de pessoal ocasionando um dos subsídios, além de cadeias públicas lotadas, ao aumento da impunidade.

Interiorização do crime chega a Londrina

A cidade de Londrina – segunda maior do Estado, com 500 mil habitantes – é uma das que mais têm sofrido com a interiorização do crime. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança do município, Jorge Coimbra, afirma que, na ausência de controle, quem cresce é a violência. ?Sabemos que ela sempre vai existir, mas organizada e seqüenciada como vem sendo, se torna imbatível?, lamenta.

Dentre os principais problemas da cidade, ele destaca o tráfico de drogas como fomento aos receptadores e operadores de desmanches, principalmente e a falta de repressão como alimento ao crime. ?É possível acabar com o desmanche e, conseqüentemente, com o roubo de veículos no município. Basta atuar nas passagens?, atribui.