Policial morre ao reagir a assalto em Curitiba

O soldado Giovani Dal Negro, 25 anos, do 12.º Batalhão da Polícia Militar, foi morto a tiros no início da madrugada de ontem, no Ahu, durante seqüestro relâmpago. O policial estava em seu carro, acompanhado da namorada, no Centro, quando foi abordado por dois indivíduos armados. Obrigado a dirigir, Giovani colidiu o veículo em frente ao Batalhão da Polícia da Guarda do antigo presídio do Ahu, tentando chamar a atenção de outros policiais. Porém, o plano não funcionou e ele trocou tiros com os marginais. Baleado no peito e na cabeça, o soldado morreu e os seqüestradores fugiram a pé.

A abordagem dos bandidos aconteceu no começo da madrugada. O soldado Giovani, que naquela noite havia trabalhado até as 19h e estava à paisana, conversava com a namorada dentro de seu Corsa, em frente à casa dela, na Rua Barão do Serro Azul, próximo ao Shopping Müeller. A jovem prestou depoimento ontem na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) e contou que a dupla, armada, deu voz de assalto, obrigou o policial a permanecer ao volante e a mulher a ir para o banco traseiro. Depois disso, os dois marginais embarcaram, um na frente e outro atrás, e pediram que o policial tocasse em direção à BR-116.

Trajeto

Giovani ainda perguntou qual o caminho deveria seguir e um dos marginais apenas respondeu ?você sabe?. Desconfiados que a vítima era policial militar, tentaram revistar Giovani, procurando armas, mas não acharam nada. O soldado decidiu passar em frente ao Batalhão de Guarda. ?Na Avenida Anita Garibaldi, ele jogou o carro em direção ao presídio, provavelmente para pedir ajuda aos policiais do batalhão, e acertou o semáforo, que fica em frente ao quartel?, explicou o capitão Bruno, chefe da comunicação social do 12.º Batalhão da PM.

Com a pancada, um dos bandidos bateu a cabeça no pára-brisa, mas sacou a arma e atirou em Giovani. O policial desceu do carro, ferido, e atirou contra o marginal, dando início à troca de tiros. ?Pelo menos sete disparos acertaram o muro próximo ao sinaleiro?, contou o capitão.

O policial caiu na avenida e morreu em poucos minutos. Os bandidos fugiram, um pela Anita Garibaldi e outro em direção ao terminal do Cabral. Antes, um deles ainda deu um tiro na namorada de Giovani, que foi ferida de raspão no braço. A arma usada pelo policial, uma pistola ponto 40, estava com duas munições deflagradas, indicando que o soldado chegou a atirar para se proteger.

Investigação em massa

Giselle Ulbrich

Além da Polícia Militar, as delegacias de Furtos e Roubos (DFR) e de Furtos e Roubos de Veículo (DFRV) investigam o crime. O delegado Rubens Recalcatti, da DFR, apurou que o funcionário de uma empresa de segurança privada seguiu, de carro, um dos assaltantes. No entanto, o bandido pulou um muro e o segurança, que estava desarmado, não continuou a perseguição. Segundo o capitão Bruno, um dos marginais fugiu em um táxi.

A polícia investiga se os bandidos queriam realizar saques em caixas eletrônicos com cartões das vítimas, já que pediram a carteira do policial e a bolsa da namorada dele. Outra hipótese é de os assaltantes estarem interessados no Corsa do policial. O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) também dá apoio às investigações.

Você conhece?

Reprodução

Informação para 3262-2800.

No final da tarde de ontem, a Delegacia de Furtos e Roubos apresentou o retrato falado de um dos marginais que mataram o soldado Dal Negro. O bandido, de acordo com uma testemunha, tinha ?pinta de rapaz de família? e não parecia ser um marginal.

O assaltante que ficou no banco da frente é magro, moreno-claro, com cabelos castanho-claros ondulados. Tem olhos castanhos, cerca de 1,70 metro, aparenta entre 20 e 25 anos, e usava jaqueta jeans. Foi ele quem atirou e matou Giovani e que, antes, telefonou a um comparsa, informando que já havia conseguido uma vítima. A polícia trabalha agora com as características do outro assaltante. Qualquer informação deve ser dada pelo 3262-2800, na DFR.

Casos semelhantes

?Já achei um trouxa. Aguarda aí que tudo vai dar certo.? Isto foi dito por um dos marginais, num telefonema a outro bandido, logo após terem rendido Dal Negro e a namorada dele. O delegado Rubens Recalcatti suspeita que se trate de uma quadrilha, de pelo menos cinco pessoas, que sempre leva suas vítimas de seqüestro relâmpago em direção a Campina Grande do Sul. Além da tentativa de latrocínio contra o PM, a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) já recebeu três queixas de vítimas levadas em seus carros e abandonadas no município vizinho.

Em alguns casos, o veículo não foi localizado. Em todas as situações, o destino final das vítimas é o abandono em Campina Grande do Sul.

Carreira interrompida

Marcelo Vellinho e Giselle Ulbrich

Reprodução

Giovani era PM desde 2001.

Filho de sargento reformado e irmão de um policial civil, Giovani Dal Negro começou cedo sua carreira na Polícia Militar. Em 2001, aos 18 anos, ingressou na 1.ª Companhia do 12.º Batalhão.

Após passar pelo Pelotão de Motos, o soldado estava lotado no Pelotão de Comando de Serviços, na Santa Quitéria. Na última segunda-feira, ele deixou os serviços administrativos e cumpriu escala na Operação Papai Noel. Ele estava na equipe que reforçou o policiamento na Rua XV de Novembro, no Centro, até as 19h.

?Era um policial de ótimo comportamento, benquisto por todos?, afirmou o capitão Bruno. O corpo do soldado Giovani foi sepultado no fim da tarde de ontem, no Cemitério Água Verde.

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