A Justiça do Rio Grande do Sul ainda não se manifestou sobre o pedido feito pela Secretaria de Segurança paranaense (Sesp), para que os três policiais do Tático Integrado Grupo de Repressão Especial (Tigre) sejam transferidos ao Paraná. No documento, o secretário Reinaldo de Almeida César se compromete a mandar os investigadores de volta ao Rio Grande do Sul, sempre que necessário, para colaborarem com as investigações da morte de um brigadiano militar gaúcho, o sargento Ariel da Silva, ocorrida no último dia 21. Apesar disto, informações extraoficiais dão conta que a Justiça local não irá revogar as prisões temporárias do trio.
Os paranaenses prestaram depoimento anteontem à Corregedoria da Polícia Civil gaúcha. Disseram que, pelo fato de o sargento estar à paisana, te-los seguido em uma motocicleta e ter sacado uma arma quando se aproximava da viatura descaracterizada, os investigadores do Tigre pensaram que tratava-se de um marginal que estivesse dando cobertura aos sequestradores.
De acordo com a promotoria do Ministério Público gaúcho, anteontem também, as armas dos policiais do Tigre foram entregues pela Polícia Civil paranaense à Justiça gaúcha e passarão por perícia. O laudo só deverá ficar pronto na próxima terça ou quarta-feira. Depois disto é que a Corregedoria de lá deverá marcar a data da reconstituição do crime, o que deve ocorrer entre os dias 10 e 20 de janeiro.
Entre os investigadores envolvidos no caso, um deles, que é filho de um delegado da Polícia Civil, tem 11 anos na instituição, dos quais sete dedicados ao Tigre. Ele seria o autor dos disparos que matou o brigadiano gaúcho. Os outros dois teriam cerca de um ano na Polícia Civil, e pouco mais de dois meses no Tigre. Um deles estaria dirigindo a viatura e o outro no banco do passageiro. Não teria sido deles a decisão de atirar contra o sargento.
Sequestro
O Tigre foi ao Rio Grande do Sul investigar o sequestro do fazendeiro e empresário Osmar José Finkler e seu amigo, Lírio Persch. O empresário teria visto algum tipo de anúncio de promoção de tratores, extremamente vantajoso que, na verdade, já era uma isca dos sequestradores para atrair as vítimas até lá. Quando chegaram ao estado, foram sequestrados.
O Tigre descobriu onde estava o grupo e foi até Gravatai (RS), na região metropolitana de Porto Alegre, acampanar o cativeiro. Chegaram de madrugada na cidade e, antes de informar as autoridades locais de suas ações por lá – o que fariam pela manhã – resolveram fazer um reconhecimento do bairro e depararam-se com o sargento. Tanto o investigador quanto o brigadiano teriam atirado ao mesmo tempo. Sem saber que era um militar, os investigadores chamaram socorro e entregaram a viatura descaracterizada à perícia.
Pela manhã e já sabendo do sequestro, policiais militares e civis gaúchos foram estourar o cativeiro. Mas se depararam com os sequestradores e as duas vítimas saindo num carro, com placas de Campo Largo. Apesar da informação de que os policiais responderam aos tiros dados pelos bandidos, investiga-se a hipótese de não ter ocorrido nenhum tiroteio. O fato é que um dos disparos, que teria sido dado por um delegado, atingiu as costas de Lírio, que estava no carro, matando-o na hora. Quando os três marginais já estavam rendidos, deitados ao chão junto com a vítima sobrevivente, o cão de um dos policiais atacou o empresário Osmar.
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