A Justiça de Campo Largo condenou a família Rasera por formação de quadrilha e escutas ilegais referentes ao caso Araponga, que se tornou um escândalo eleitoral em 2006. A pena maior foi dada ao policial Delcio Rasera, que foi condenado a 20 anos e nove meses de prisão e perda de função pública. Ele seria o mentor do grupo, que tem outras nove pessoas envolvidas. O filho, Luciano Rasera, comandante da Companhia da Polícia Militar de Fazenda Rio Grande, foi condenado a seis anos de prisão e também perderá sua função pública. A esposa de Délcio, Maria Luiza Savogin Rasera, pegou dois anos de prisão. A sentença foi dada no último dia 27 de fevereiro, pelo Juízo da Vara Criminal de Campo Largo.

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O advogado do policial, Luiz Fernando Comegno, vai recorrer da decisão. Para ele, a decisão é fora dos padrões legais e não deveria ter sido tomada pela Justiça de Campo Largo, e sim em Curitiba, local onde os delitos teriam sido cometidos. Mas o problema maior apontado pela defesa estaria na maneira como Rasera fora julgado com cada um dos delitos sendo considerados em separado. Ele foi apenado com dois anos e três meses de prisão para cada escuta. “Se ele tivesse feito 50 escutas, teria recebido pena de 107 anos de prisão. Isso é um erro crasso, ele deveria ter sido julgado por um delito, se é que o fez, e os demais seriam a extensões do primeiro”, reclama o advogado.

Luiz Fernando também acredita que vai conseguir reverter a condenação da perda de função pública de Rasera e do filho, que seguirão em seus empregos até que sejam esgotados todos os recursos. “Esta condenação, para a defesa, esta solidificada igual a um castelo de areia, vai ser desmontada com o primeiro vento”, afirmou o advogado.

Caso

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O caso virou um escândalo eleitoral envolvendo também o ex-governador Roberto Requião, que tentava a reeleição em 2006. Rasera seria seu assessor e à época trabalhava na Casa Civil. Requião negou qualquer ligação com as escutas ilegais e com empresa de grampos que Rasera. As investigações iniciadas pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC), atual GAECO, levaram Rasera à prisão em 2006 e o policial ficou 319 dias detido.

Segundo a denúncia do GAECO, o policial era o líder de um grupo de 12 pessoas -todas denunciadas pelos crimes de quadrilha armada e de interceptação clandestina de telefones. As investigações apontavam ainda para envolvimento de pessoas de empresas telefônicas que cediam dados dos consumidores que o grupo pretendia grampear.

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