Já estão atrás das grades os dois policiais militares que foram flagrados, pela reportagem da TV Paranaense, furtando o aparelho de som de um carro, no último fim de semana, no Largo da Ordem. Altenes Pinheiro, 37 anos, e Adriano Fronza, 34, se entregaram na manhã de ontem na sede do 12.º Batalhão da Polícia Militar, onde eram lotados.
Depois das cenas exibidas na televisão, policiais civis e militares fizeram uma varredura em toda a cidade. Foram até a casa dos policiais, mas eles já haviam fugido. Eles passaram a noite de segunda-feira e madrugada de ontem, em municípios da Região Metropolitana, até resolverem se entregar.
Presos, os dois foram levados até o Quartel do Comando Geral. Lá, a cena foi humilhante. Os policiais ficaram em uma sala, enquanto cinegrafistas e fotógrafos da imprensa montaram uma espécie de corredor, entre a recepção do local e a viatura que aguardava os detidos no pátio. Enquanto isso, dezenas de policiais militares acompanhavam com repúdio a transferência dos soldados.
Algemados e com a cabeça coberta por blusas, eles deixaram o quartel da PM às 16h. Foram levados ao Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT). Os soldados não deram sua versão à imprensa, e o advogado deles, Claudemir de Andrade, afirmou que só irá se manifestar sobre as acusações que recaem sobre seus clientes depois de assistir na íntegra às imagens.
Altenes está na PM desde 1989 e Fronza, foi admitido em 1992. Nenhum deles tinha registro de desvio de conduta.
Mãos-de-ferro
Em entrevista coletiva dada pelo secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que estava acompanhado do comandante-geral da PM, Nemésio Xavier de França Filho, do subcomandante José Paulo Betes e do comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC) Avelino Novakoski, os policiais tiveram a prisão preventiva decretada pelo crime de furto. Ao mesmo tempo, a Polícia Militar instaurou um Inquérito
Policial Militar (IPM) que será acompanhado pelo Ministério Público e, paralelamente, está instaurado procedimento no Conselho de Disciplina, que decidirá pela punição dos soldados. ?Eles eram responsáveis pelo policiamento no Largo da Ordem, por isso, é impossível que não soubessem quem eram os outros ladrões. Como roubavam junto, ficavam quietos. O nosso papel é usar a mão forte para combater a corrupção policial, que é a mais odiosa que existe?, disse o secretário, lembrando que o policiamento no centro histórico é feito diariamente por uma viatura com dois PMs, quatro motos e outros dois policiais que fazem o policiamento a pé.
Gangue formada por ?filhinhos-de-papai?
Mara Cornelsen
O grupo que está furtando toca-fitas no Largo da Ordem e outras ruas do centro histórico da cidade, pode ser composto pelos chamados ?filhinhos-de-papai?. A suspeita é da própria polícia, que já apurou os nomes de dois suspeitos – uma jovem universitária, de 22 anos, estudante de Psicologia em uma universidade particular, e o namorado dela, que estaria no mesmo curso. Os nomes estão sendo mantidos em sigilo, para que as investigações sejam concluídas.
Sabe-se que tanto a Polícia Militar, através do Comando do Policiamento da Capital e do Serviço Reservado, quanto a Polícia Civil, com a Delegacia de Furtos e Roubos, já dispõem das mesmas informações e a expectativa é que os suspeitos sejam detidos a qualquer momento. Os dois policiais militares presos ontem também devem ser interrogados, para que revelem os nomes dos indivíduos que fazem parte da gangue.
Internet
A jovem acusada de ajudar nos furtos – e que na filmagem aparecia passando uma chave-de-fenda para o namorado, para que ele usasse a ferramenta para ?estourar? o vidro de um carro estacionado – estaria recebendo, inclusive, gozações de seus amigos pelo Orkut (site de relacionamento), em mensagens em que eles pediam autógrafos, avisavam que a tinham visto na televisão, chamavam-na de ?famosona? e perguntavam se ela ?não viu um som por aí?.
Também ontem a Tribuna recebeu mais algumas denúncias sobre a ação de marginais no Largo da Ordem, inclusive modelos e placas de automóveis que estariam sendo utilizados pelos receptadores dos aparelhos de som furtados. As informações foram transmitidas à polícia, para que as investigações tenham continuidade e todos os envolvidos nos furtos possam ser capturados. Não está descartada a hipótese de o grupo ter ligações com traficantes da área.