O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Paraná, e a Promotoria de Justiça de Campo Largo apresentaram nesta quinta-feira (23), denúncia criminal contra quatro policiais civis pelos crimes de concussão (extorsão praticada por agente público), formação de quadrilha e coação. Também foram denunciados dois advogados por participação na concussão.

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Entre os acusados estão o delegado titular, o superintendente e dois investigadores da Delegacia de Campo Largo. Na semana passada, cinco dos requeridos foram presos preventivamente em uma operação coordenada pelo GAECO, unidade do MP-PR que trata do controle externo da atividade policial.

De acordo com a denúncia, o delegado seria o “chefe” da suposta quadrilha, que se especializou em prender pessoas para depois exigir dinheiro ou bens em troca da liberação do flagrante. Resumidamente, o método do bando era o seguinte: escolhiam uma vítima, em geral um empresário da região ligado a algum tipo de prática criminosa; essa pessoa passava a ser monitorada pelos investigadores, que levantavam elementos que a comprometessem; feito isso, a vítima era alvo de “abordagem policial”. Levada à delegacia, era feita a cobrança pelos policiais para a liberação do flagrante. A denúncia aponta que o esquema teria funcionado entre maio e setembro deste ano, quando foi então descoberto pelo Ministério Público.

Os promotores narram na denúncia um caso de extorsão em que os policiais exigiram R$ 150 mil para não apreenderem um caminhão e um carro com cigarro e não lavrarem o flagrante. As vítimas pagaram R$ 40 mil no primeiro dia, outros R$ 15 mil dias depois, e ficou acertado que teriam que dar R$ 3 mil todo mês para a quadrilha.

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Somadas às provas testemunhais, a denúncia está amparada em gravações de áudio que demonstram o envolvimento do delegado e vários documentos, como comprovantes de saques bancários referentes a parte do dinheiro que foi entregue aos policiais, e uma folha de papel encontrada na casa do superintendente, com anotações sobre as atividades e rotina de uma das vítimas.

O delegado segue preso no Centro de Triagem 1. O superintendente e um investigador no Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara. Os advogados acusados na denúncia e presos na semana passada já foram liberados.

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Além do controle externo da atividade policial, o GAECO é o braço do MP-PR que trata do combate ao crime organizado. Há unidades do Grupo em Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu, Cascavel, Guarapuava, Maringá e Guaíra. Todas são compostas por policiais civis e militares e por integrantes do Ministério Público – procuradores e promotores de Justiça – que são responsáveis pela coordenação das ações.