Seis investigadores da Polícia Civil foram presos, com quatro “bate-paus” (pessoas que trabalham irregularmente como policiais), na manhã desta quinta-feira (2), por extorsão ou concussão. A operação foi realizada pela Corregedoria da instituição, com apoio da Divisão Estadual de Narcóticos.
Os nomes dos investigadores não foram divulgados pela polícia, mas o Paraná Online confirmou com fontes oficiais que quatro estavam lotados no 13.º Distrito (Tatuquara): Gerson Camargo, Luis Nivaldo Pinto, Marcos Aurélio Hintz Martim (que foi transferido de Almirante Tamandaré há uma semana), e M.C.R. (que estava de férias). Os outros dois trabalhavam na Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe): Hamilton Francisco Xavier e Luiz Gustavo Rasera.
De acordo com a Corregedoria, os quatro que se diziam investigadores são Clodoaldo Duarte, Anderson Souza Machado, Carlos Alberto de Oliveira e Felipe Ninio Menegasso.
Um dos “bate-paus” foi preso por tráfico, porque foi apreendida droga em sua casa. Ele estava acompanhado de um adolescente, que também foi apreendido. Outro “bate-pau” foi preso por posse ilegal de arma de fogo. A Corregedoria não divulgou o total de entorpecentes, dinheiro e armas apreendidos.
Gerson Camargo já foi chefe de investigação do delegado Clóvis Galvão no 7.º Distrito Policial, que atualmente é o titular da Demafe. Alguns dos investigadores presos já trabalharam juntos nesta e em outras delegacias. “A delegacia não tinha conhecimento de nada. Durante o tempo em que eles trabalharam comigo, nunca chegou ao meu conhecimento nenhum desvio de conduta”, afirma o delegado.
Irregular
O corregedor-geral da Polícia Civil, Paulo Ernesto Araújo Cunha, disse que os chamados “bate-paus” são um mal que deve ser extinto da Polícia Civil. “Deve ser combatido não apenas pela Corregedoria, mas por todos os policiais civis de bem”, afirmou o corregedor. A investigação vai apurar como essas pessoas chegaram dentro das unidades policiais e que se necessário mais gente será punida.
A Secretaria da Segurança Pública, por meio de nota, afirmou que “todo indício de irregularidade é apurado” e “os responsáveis são rigorosamente punidos”.
Denúncia deu início às investigações
As investigações começaram há seis meses, com a denúncia de um comerciante, seis casos de extorsão ou concussão foram descobertos. Segundo a Corregedoria, os quatro “bate-paus” procuravam possíveis alvos e informavam os investigadores. Em um dos casos, os policiais teriam invadido um ponto de uso de drogas e levaram tudo o que os viciados tinham, como entorpecentes, dinheiro e celulares. Eles disseram que ficariam com os objetos para não autuar nenhum em flagrante.
A Corregedoria também apurou a cobrança semanal de valores entre R$ 500 e R$ 1 mil para permitir que um traficante atuasse livremente. Outros três casos foram contra comerciantes, que vendiam bebidas sem nota fiscal. Valores de R$ 5 a R$ 10 mil foram cobrados uma única vez, para que eles não fossem “importunados” pela polícia. Uma pessoa relatou que teve sua casa invadida e os policiais exigiram dinheiro para não “plantar” drogas na residência e prender a vítima por tráfico.
Áreas
De acordo com o delegado Kleudson Moreira Tavares, do Núcleo de Inteligência e Operações Especiais da Corregedoria, apenas um dos seis casos aconteceu no Tatuquara, área do 13º DP. Nenhum dos delitos foi cometido durante eventos ou partidas de futebol acompanhadas pela Demafe. Todas os casos ocorreram em Curitiba.
A extorsão, em alguns casos, foi paga em parcelas. “Eles pegavam o que tinha naquele momento e marcavam datas para buscar o resto do valor”, explica o corregedor-geral da Polícia Civil, Paulo Cunha.
Fora
No ano pass,ado, 23 policiais civis foram excluídos da instituição e 11 foram suspensos. Desde janeiro, já ocorreram sete demissões e duas suspensões.