Cláudio Golembra, prefeito de Alto Paraná.

Paranavaí – O delegado de Paranavaí, Luiz Artigas Júnior, instaurou inquérito ontem para investigar possível porte ilegal de arma pelo prefeito de Alto Paraná, Cláudio Golemba (PSDB), também médico e dono do Hospital Santa Terezinha. Golembra foi flagrado por uma microcâmera de uma equipe da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), quando supostamente fazia ameaças contra um agricultor, que procurou o hospital com a perna quebrada. O inquérito para apurar possível ameaça só será instaurado com representação da vítima, que ontem ainda estava internada na Santa Casa de Paranavaí.

Na fita apresentada pela televisão, Colembra tenta justificar a atitude do hospital. “Do jeito que tá a coisa, não vou pôr mais a mão num doente desse tipo, o cara me põe no fórum”, disse. “Mas se o cara vier em cima de mim e a família toda, vou apanhar? Eu não.” E seguem-se as ameaças, depois de mostrar a arma: “Ando armado. Dou vinte tiros na cara dele. Vou agüentar a cara de um vagabundo desse? Eu não. Sou homem, pô. Nego piscou, vou queimar a cara. Não vou perguntar o que houve. Fui atirador da Escola do Exército Brasileiro. Fui 15 anos do Exército Brasileiro.” Hoje, ele disse que o repórter não pôs “toda a conversa” no ar.

Segundo o prefeito, ele estava comentando que tinha sofrido um assalto e recebera várias ameaças de morte, por isso comprara a arma em 2000. “Eu falava que, se tivesse com minha família, e houvesse tentativa de assalto eu daria vinte ou mais tiros”, disse. De acordo com sua versão, as ameaças eram contra um hipotético assaltante e não contra o agricultor.

O diretor de Jornalismo da RPC, Wilson Serra, afirmou que, ao contrário do que o prefeito diz, ele estava se referindo especificamente à questão do agricultor. Ainda segundo Serra, o prefeito esteve ontem pela manhã na sede da emissora em Paranavaí e não questionou a edição da reportagem, conforme fez ao dar sua versão dos fatos durante a tarde. Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, o prefeito tem uma pistola 765 registrada, mas o porte de arma estaria vencido desde outubro de 2000.

O problema aconteceu quando o agricultor Apolinário da Luz procurou o hospital, único da cidade, com ferimento na perna provocado em um jogo de futebol no domingo. O raio-x realizado pelo hospital não apontou fratura, mas em exame em outra clínica ela apareceu.

Segundo Golembra, a prefeitura dispôs-se a pagar a cirurgia, mas o rapaz teria xingado o motorista e dito que procuraria um advogado. Terça-feira, ele foi em frente ao hospital da cidade e fez um protesto por não ter sido enviado rapidamente para Paranavaí. O prefeito acredita que a manifestação foi armada pela “oposição”. O rapaz só foi encaminhado terça-feira ao hospital.

Prefeito diz ter oferecido ajuda

Alto Paraná – Segundo o prefeito e dono do Hospital de Alto Paraná, Cláudio Golemba, o agricultor Apolinário da Luz foi atendido no domingo por uma médica. Como o raio X não apresentou sinais de fratura ? de acordo com ele, acontece em 2% dos casos ?, e embora o sintoma fosse de fratura devido às dores, o agricultor foi orientado a retornar segunda-feira para nova radiografia e recebeu uma tala na perna direita. Mas ele teria preferido procurar uma clínica onde um raio X mais potente teria detectado a trinca. Ainda de acordo com o prefeito, um motorista da Prefeitura tinha acompanhado o agricultor nessa consulta, realizada na segunda-feira, e se ofereceu para retornar com ele para o hospital em Alto Paraná, já que a cirurgia custaria R$ 3 mil e ele não a faria na clínica. No entanto, o funcionário teria sido xingado. O agricultor teria prometido, então, procurar um advogado. No dia seguinte, estava em frente ao hospital fazendo o protesto.

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