Dois empresários paulistas que eram mantidos em cativeiro, no balneário de Itapoá (SC), foram resgatados na tarde de quarta-feira durante uma operação das polícias do Paraná e Santa Catarina. Três seqüestradores identificados como Paulo César Marcos Coelho, 33 anos (foto); José Adriano de Lima, 18, e João Carlos Ribeiro, 38, foram presos. Um outro integrante do grupo, que já foi identificado, está sendo procurado. Com eles foram apreendidos seis telefones celulares e um revólver calibre 38.
Na manhã de quarta-feira, por volta das 9h, policiais de Guaratuba receberam uma ligação do Departamento Anti-Seqüestro (DAS) de São Paulo, informando que havia um empresário mantido como refém em Guaratuba ou imediações e repassaram os números de telefones públicos utilizados pelos seqüestradores para pedir o resgate. Além disso, foi informada a placa do veículo Astra, DDB-1351, pertencente ao empresário do ramo metalúrgico, Mauro de Moraes, que também havia sumido.
De acordo com informações do delegado José Carlos Rodrigues de Almeida, através do rastreamento dos números dos telefones foram localizados os pontos onde estavam os orelhões, um deles situado na Praça Central de Guaratuba. As polícias Civil, Militar e Rodoviária foram colocadas em alerta e fecharam as duas únicas saídas daquela cidade.
Cativeiro
O monitoramento das ligações telefônicas surtiram efeito e, no final da manhã, Paulo César – que é um ex-policial militar de Santa Catarina – foi preso em flagrante na praça, quando tentava fazer uma ligação. O detido chegou ao local conduzindo o Astra do empresário. Levado à delegacia, Paulo confessou a participação no crime e indicou o local do cativeiro, informando que dois empresários eram mantidos no local como reféns.
O cativeiro ficava em uma casa alugada em Itapoá, litoral de Santa Catarina, balneário que faz divisa com o Paraná. Para dar continuidade à operação foi solicitada a ajuda da polícia catarinense que emprestou inclusive um helicóptero. A casa foi “estourada”, mas nenhum seqüestrador foi preso no local. Um Gol foi abandonado nas imediações do terreno com a chave na ignição do veículo, indicando que os criminosos haviam fugido momentos antes da chegada da polícia.
Os dois empresários foram as únicas pessoas encontradas na casa. Além de Mauro de Moraes, que havia sido seqüestrado em São Paulo na última sexta-feira, lá estava o proprietário de uma rede de supermercados, André Luiz Miguel. De acordo com informações do superintendente da delegacia de Guaratuba, Almir Portela, o empresário havia sido iludido pelos seqüestradores para se deslocar até Itapoá para efetuar transações de negócios e quando chegou na cidade foi surpreendido, tornando-se refém.
Prisão
A perseguição aos demais seqüestradores continuou até que eles foram presos na estrada, próximo a Garuva (SC). “Eles estavam em um táxi, placa de Joinville (SC), tentando escapar”, contou o policial. José é natural de Ivaiporã, e João, apontado como o líder do grupo, é de São Paulo. O outro integrante – que está sendo procurado pelas polícias de São Paulo, Paraná e Santa Catarina – agia dando orientações de fora aos seqüestradores que estavam no cativeiro. Pelas informações apuradas pelo delegado de Guaratuba, a quadrilha conta com ramificações: um grupo agiria em São Paulo e outro no Paraná e Santa Catarina. Provavelmente há uma troca, na qual empresários seqüestrados em São Paulo são mandados para os estados do Sul e vice-versa. Uma prova de que a quadrilha atua há bastante tempo foi repassada pelos vizinhos da casa que serviu como cativeiro. Eles contaram que o grupo alugou a residência na última sexta-feira, mas já haviam alugado o imóvel anteriormente.
Os dois pedidos de resgate eram tratados isoladamente pelos marginais. No início dos contatos, o pedido de resgate para cada empresário girava em torno de R$ 100 mil, mas já havia abaixado para R$ 70 mil. Esse valor seria pago pela família de um dos seqüestrados ainda na quarta-feira, se os bandidos não tivessem sido presos. O acerto ocorreria em Araranguá, litoral sul de Santa Catarina.
De acordo com Portela, os presos já contavam com antecedentes criminais por furto e roubo e, na tarde de ontem, ainda continuavam a prestar esclarecimento sobre suas ações.