Polêmica

Polícia recolhe armas de investigador que invadiu propriedade com fuzil e granada

A Polícia Civil determinou que sua corregedoria apure, de forma rigorosa, a atuação do investigador Antonio Gabriel Castanheira na entrada de uma chácara em Campo Largo, na semana passada. O investigador foi filmado entrando à força com um fuzil em uma propriedade particular. Ele quebrou a vidraça da guarita com o fuzil e dominou os seguranças do local. Por meio de nota, a polícia informou ainda que as armas do policial foram recolhidas.

“Foi solicitado ainda, um relatório de diligencias à unidade de lotação do policial os motivos da conduta do servidor”, explicou a assessoria de imprensa.

De acordo com a Polícia Civil, a corregedoria instaurou procedimento administrativo interno, comunicando a chefia direta do servidor e encaminhou as reclamações para a Polícia Civil de Campo Largo, onde haverá apuração sobre o caso também. O policial está afastado até a conclusão do procedimento.

A investigação preliminar tem prazo de 30 dias para conclusão e pode virar um processo administrativo disciplinar.

Legítima defesa

Castanheira conversou com a reportagem da Gazeta do Povo nesta segunda-feira (23). Na avaliação dele, sua ação foi correta, pois evitou um possível tiroteio, o que geraria consequências mais graves.

“Se eu não tivesse tanta energia quanto eu tive e tivesse dado oportunidade, eles (os seguranças) teriam reagido e provavelmente poderia ter um dano maior”, afirmou. Sobre seu afastamento, o policial disse que concorda. “Houve consenso para que eu fosse afastado, para que houvesse investigação sobre minha conduta. Não quero que pareça que a polícia esta me dando qualquer tipo de cobertura”, disse.

Castanheira, que atuou no grupo de elite antissequestro Tigre (Tático Integra de Grupos de Repressões Especiais) por 15 anos, estava lotado na Força Especial de Repressão Antitóxico (Fera) na Divisão de Narcóticos.

Ele contou que aquele dia foi o estopim de uma série de ações de que tem sido vítima do empresário Luís Mussi, irmão da mulher que cedeu, por comodato, o terreno e a casa na chácara. O investigador afirma que, desde janeiro, quando assinou o contrato de comodato, iniciou uma reforma no local e preparava a casa para poder se mudar com a família.

“Estou morando ali. Estava fazendo uma reforma que era para durar 20 dias e já dura três meses porque ele não deixa a gente entrar. Eu não tenho controle do portão, tenho que pedir para os seguranças dele. E isso depende do bom humor dele”, contou.

Castanheira disse que é amigo da irmã de Luis Mussi, Liliane Mussi. Segundo o policial, o empresário construiu aquele “pórtico” que aparece no vídeo em uma rua pública para controlar a entrada e saída do local.

Naquele dia, um pedreiro que tentava colocar uma cerca ao redor da casa foi barrado e não pode entrar no terreno. Segundo o policial, o pedreiro o avisou. Ele precisou ir ao local para que seu funcionário não parasse com a obra.

“Larguei que eu estava fazendo no trabalho e fui para lá. Faltava meio metro de cerca para eu poder me mudar. Pedi para entrar várias vezes. Os vídeos estão editados. Eu peço para abrir e falo abre, abre. O cara fez menção de sacar pistola”, explicou. O advogado do policial, Cláudio Dalledone, pediu que as imagens fossem periciadas para mostrar a edição no vídeo.

De acordo com o policial, os dois seguranças estavam armados e o ameaçavam ainda com cães da raça rottweiller. Quebrar o vidro teria sido a única maneira de entrar e evitar que os seguranças pudessem agir contra ele. Ao fazer isso, ele ressaltou que agiu como cidadão que se sentia amea&c,cedil;ado por homens armados e usou a única arma que tinha no momento para se defender.

O advogado do empresário Luís Mussi, Rodrigo Muniz, foi procurado pela reportagem, mas não retornou as ligações até o momento.

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