A superlotação em delegacias de polícia favoreceu a fuga de 64 presos em quatro cidades do interior do Paraná nesse começo de ano. Até o início da tarde deste domingo, a polícia havia conseguido recapturar apenas 17 detentos. A Secretaria de Segurança Pública do Estado, por meio de sua assessoria de imprensa, nega uma ação coordenada de fuga, mas admite que a superlotação é um “problema crônico” no Paraná. Na delegacia de Ivaiporã, cidade de pouco mais de 30 mil habitantes do Norte do Estado, a capacidade era para 32 presos, mas, no momento da fuga, havia 144 internos. Segundo um funcionário da unidade, ao menos 40 deles já foram condenados na Justiça, mas aguardam vagas no sistema prisional.

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A fuga em Ivaiporã aconteceu à 0h do dia 1º, quando os prisioneiros serraram os ferrolhos e cadeados da cela, furaram com uma broca uma parede, subiram no telhado e pularam um muro dos fundos da delegacia. Vinte e sete homens conseguiram escapar. O único policial de plantão na unidade percebeu a movimentação. Três prisioneiros foram recapturados. Em Goioerê, na região central do Paraná, 14 presos aproveitaram as comemorações do réveillon para escaparem da delegacia da cidade por um túnel na noite da virada no ano. Havia dois policiais de plantão. Até agora, três prisioneiros foram recapturados. A unidade comporta 32 presos, mas abrigava 92.

A fuga da carceragem também lotada da delegacia de Ibiporã, no norte paranaense, aconteceu na hora do almoço, do dia 1º. Os presos serraram a grade da cela. Usaram as barras de ferro para ferir e imobilizar o investigador que havia aberto uma das portas da cadeia para servir a refeição a eles. Conseguiram escapar 18 detentos, sendo que 9 foram recapturados. A delegacia comportaria 24 presos, mas abrigava 70 no momento da fuga. Presos escaparam ainda em Peabiru, região central do Estado, no dia 1º. Cinco fugiram e dois foram recapturados. A delegacia tem capacidade para receber 16 prisioneiros, mas abrigava 29 pessoas.

Superlotação

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Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Paraná classificou a superlotação nas delegacias do Estado como um “problema crônico originário de gestões anteriores”. O órgão informou que a questão é tratada com prioridade pela gestão do governador Roberto Requião (PMDB) e que “apesar do problema da superlotação, a polícia não vai deixar de tirar criminosos das ruas e garantir a segurança da população”.

Segundo o governo do Estado, desde 2003, 12 penitenciárias foram inauguradas e 6 foram ampliadas, aumentando o número de vagas de 6.529 para 14.568. Foram construídas ainda celas modulares em seis cidades, o que tirou 1.300 presos de delegacias. Há projetos ainda para construção de outras cinco penitenciárias em 2010, o que abriria 2.500 vagas no sistema prisional paranaense.

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