Foto: Átila Alberti/Tribuna
Procura em casas de suspeitos começou na quarta-feira.

Na busca pelo autor da barbárie que resultou na morte da estudante Giovana dos Reis Costa, 9 anos, e chocou o município de Quatro Barras, policiais da delegacia local, da Polícia Militar e do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) estão fazendo uma varredura na cidade, que deve se estender pelo feriado. Na quarta-feira, mais de 30 casas foram vistoriadas, e até a noite de ontem o assassino ainda não havia sido localizado.

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De acordo com a delegada do Sicride, Márcia Tavares, as investigações passarão a ser conduzidas pela delegacia de Quatro Barras. "Trabalhamos na busca de crianças desaparecidas. Agora que Giovana foi encontrada o caso será conduzido pela delegacia da cidade. Porém, nossas equipes estarão dando apoio integral", disse a delegada.

Para Márcia, não há dúvidas de que o autor seja morador da região. O crime foi cometido na segunda-feira, de acordo com peritos, e acredita-se que o corpo tenha sido jogado no mato de terça-feira para quarta-feira. "Já tínhamos feito buscas pelo matagal e não encontramos a menina. Provavelmente o assassino se sentiu pressionado com a presença da polícia na área e resolveu livrar-se do corpo, que ainda estaria em sua casa", suspeitou a delegada.

Os moradores apontaram vários suspeitos e as casas indicadas foram revistadas. Porém, nada se comprovou contra eles. Em paralelo às investigações, cada indício encontrado no local do crime está sendo criteriosamente verificado.

Perícias

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De acordo com o perito criminal Rui Fernando Cruz Sampaio, o saco de lixo azul, onde estava o corpo da menina, não é o comumente vendido em supermercados. Os detalhes da embalagem podem ajudar a polícia. Da mesma maneira, as características do fio de luz, usado para amarrar Giovana, também foram passadas aos investigadores. A um metro do corpo o perito recolheu um maço de cigarros, que, junto com o saco de lixo, será levado para que sejam coletadas impressões digitais. "O fato desses materiais terem ficado expostos ao tempo pode prejudicar os exames. Também iremos analisar o saco para ver se encontramos um fio de cabelo ou outro material que não seja da menina", relatou Sampaio.

No exame de necrópsia, foi comprovado que Giovana foi estuprada e morta por esganadura. No início da próxima semana, o perito irá informar se foi possível coletar amostras de sêmen do corpo da menina.

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Velório no lugar da festa de Páscoa

Um caixão branco, lacrado, com detalhes em dourado. Sobre ele, um porta retrato com a foto de Giovana. Foi assim que amigos da família, membros do Conselho Tutelar, funcionários da Prefeitura e moradores de Quatro Barras se despediram da menina. Ela foi velada na capela da igreja central da cidade e enterrada no Cemitério Santa Cândida, em Curitiba, ontem à tarde.

Abalados, os pais de Giovana, Altevir Costa, 39 anos, e Cristina Aparecida Costa, 31, acompanharam pouco o velório. Com eles, estavam os outros cinco filhos do casal, que não se conformavam com a perda da irmã. "Eu e meu irmão estávamos procurando-a. Quando passei na rua e vi os carros da polícia em frente ao matagal, já disse: Não deu mais!", lembrou Altevir, com os olhos cheios de lágrimas.

Escola

A diretora da Escola Municipal Devanira Ferreira Alves, onde Giovana cursava a 2.ª série do ensino fundamental, estava desolada. Ana Cristina Mota Acioli da Silva contou que orientou as crianças a vender as rifas de Páscoa para seus familiares. "Nunca mais faremos rifa na escola. O dinheiro seria usado para comprar mais doces", afirmou.

Estava marcada para ontem a festa de Páscoa tão aguardada por Giovana. O evento foi suspenso. "A gente cuida tanto destas crianças. Hoje (ontem) era um dia muito esperado pra gente comemorar e se divertir. Era pra ter cheiro de pipoca e um monte de papel de doce jogado no chão, mas a escola está vazia. Esse monstro não acabou só com ela, mas acabou com todos nós", desabafou a diretora.

Ana Cristina afirmou que reforçou a segurança e apenas pais dos alunos poderão entrar na escola. "Ainda tenho que cuidar de 299 crianças, pois o assassino continua solto", finalizou ela.

Crime brutal e sádico

Giovana tinha sido vista pela última vez por volta das 16h de segunda-feira. Ela saiu de casa a fim de vender rifas de Páscoa para a festa de sua escola, e bateu nas casas de vários moradores do Jardim Patrícia, onde morava. Na terça-feira, investigadores do Sicride e moradores fizeram várias buscas na região, mas não a encontraram. No início da tarde de quarta-feira seu corpo foi achado dentro de um saco de lixo azul, jogado em um matagal a poucas quadras da casa onde morava. Giovana estava nua, amarrada com um fio de luz. Ela foi espancada, esganada e violentada sexualmente.