Polícia prende mulher acusada de aplicar golpes utilizando nome de ONG

Policiais civis do Grupo de Diligências Especiais (GDE), Núcleo de Cascavel, prenderam na tarde de quarta-feira (4), Terezinha Aparecida Buchmann, 42 anos, acusada de estelionato. As investigações iniciaram depois de denúncias recebidas pelo telefone 197 da Polícia Civil. Segundo as informações, a acusada utilizava o nome de uma organização não-governamental (ONG Agir), cadastrada e instalada em Guarapuava, para aplicar golpes em Cascavel, solicitando doações para crianças carentes e portadores do vírus HIV.

De acordo com o delegado-adjunto da 15.ª Subdivisão Policial de Cascavel, José Carlos Guglielmetti, o local em que a ONG funcionava contava com a prestação de serviços de quatro profissionais de telemarketing, que faziam os contatos com as vítimas, além de um motoboy, que recolhia as doações. No entanto, a polícia destaca que essas pessoas foram contratadas sem ter conhecimento que se tratava de um golpe. “Como pagamento pelos serviços, as funcionárias recebiam 20% da arrecadação, e o motoboy, R$ 1,50 por coleta”, explicou o delegado.

Ainda segundo Guglielmetti, a acusada preparou um texto apelativo para sensibilizar as pessoas e conseguir a confiança dos doadores. O texto que era usado pelas funcionárias foi encontrado pela polícia em um caderno de anotações: “Aqui nós damos atendimento a mulheres e crianças carentes e portadores do vírus HIV. As crianças soropositivas possuem necessidades especiais e uma delas é o suplemento Sustagem, que tem custo de R$ 30 cada lata, e hoje, estamos ligando para saber se de coração uma de nossas crianças pode contar com sua ajuda nessa campanha especial”. O nome utilizado pela acusada era “Campanha do Sustagem”.

Aquisições

O delegado ainda afirma que o apartamento utilizado como sede da ONG, localizada na área central de Cascavel, era também a residência de Terezinha. “No local, os policiais puderam constatar que a maioria dos móveis e eletrodomésticos era nova, possivelmente adquiridos com o dinheiro arrecadado”, disse Guglielmetti. No apartamento também havia quatro guichês com telefones para as funcionárias de telemarketing solicitarem as doações.

A polícia afirma que apesar de a ONG estar registrada em Guarapuava, ao manter contato telefônico com eventuais doadores, as funcionárias diziam que a casa de apoio já estava em funcionamento em Cascavel. “Em depoimento, ao tentar se defender, a acusada disse que ainda estava arrecadando fundos para abrir a referida ONG”, explicou o delegado.

Entre os documentos apreendidos na residência da acusada, estavam cadastros de doadores e uma rifa de uma motocicleta e outros prêmios. De acordo com a polícia, as investigações irão continuar para verificar a idoneidade do sorteio. “Diversas vítimas já foram ouvidas na tarde de quarta-feira (04) e outras ainda devem aparecer após a divulgação do caso”, afirmou Guglielmetti.

A acusada foi autuada em flagrante pelo crime de estelionato e está detida na carceragem da 15.ª Subdivisão Policial, à disposição da justiça. “A situação foi considerada lamentável, principalmente pelo fato de a acusada usar a boa vontade das pessoas de bem e desviar os valores para seu benefício pessoal, e não para o fim que deveria ser destinado”, avaliou o delegado.

De acordo com a Polícia de Guarapuava não há registro de denúncias sobre o funcionamento da ONG Agir na cidade. No entanto, em novembro de 2008, três pessoas foram presas, acusadas de agir de má-fé vendendo rifas em benefício da referida organização. Segundo a polícia, alguns vendedores abordavam pessoas mais simples com uma rifa de um veículo Logus seminovo alegando que, ao pagar R$10, a pessoa já ganharia o carro. Na ocasião o veículo foi apreendido. Segundo a polícia, a ONG alegou que somente repassou os bilhetes para serem vendidos sem ter conhecimento que os vendedores agiam dessa forma.

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