O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil do Paraná prendeu nesta terça-feira (15) o papiloscopista João Alcione Cavalli, que trabalhava no Instituto Médico-Legal de Curitiba, sob acusação de ter vendido um cadáver, ainda não identificado, para que um homem tentasse aplicar um golpe em uma seguradora norte-americana. Cavalli negou à polícia qualquer participação no suposto crime e até mesmo que tivesse conhecimento. Outras três pessoas também foram presas por suposta participação.
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que fez o comunicado à imprensa, Mércio Eliano Barbosa, de 28 anos, morava nos Estados Unidos e adquiriu duas apólices de seguro de vida, num total de US$ 1,6 milhão. Depois, passou a procurar, em sites de relacionamento da internet, alguém que lhe fornecesse um atestado de óbito falso. Segundo o secretário, o funcionário do IML soube do interesse e respondeu afirmativamente.
O delegado do Nurce, Sérgio Inácio Sirino, disse que Barbosa teria vindo a Curitiba e encontrado Cavalli por três vezes. O funcionário teria prometido o corpo, pelo qual deveria receber R$ 30 mil, assim que o dinheiro do seguro fosse liberado. De acordo com o delegado, Cavalli tirou as impressões digitais de Barbosa e pediu que apresentasse um parente de primeiro grau para reconhecer como sendo dele o corpo de um indigente. A incumbência ficou a cargo da irmã de Barbosa, Daiana, de 20 anos.
O reconhecimento teria acontecido em dezembro do ano passado e o corpo foi enterrado no cemitério Caminho do Céu, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, como sendo de Barbosa. Segundo o secretário, a seguradora desconfiou da morte, em razão do valor do seguro, e acionou a polícia. Em três meses de investigação, os dois irmãos foram encontrados e, na última sexta-feira (11), acabaram presos no norte do Paraná.
Sirino disse que Barbosa confessou a tentativa de golpe e apontou o funcionário do IML como colaborador na ação. Além de Barbosa, foram presos sua irmã e uma terceira pessoa, Cristian Gean José de Andrade, de 30 anos, que teria emprestado o nome para que Barbosa adquirisse um consórcio de automóvel. Ele receberia um valor depois que Barbosa conseguisse o dinheiro do seguro.
A Polícia Federal deve ser acionada para tomar providências contra a esposa de Barbosa, que está nos Estados Unidos. "Provavelmente, será extraditada porque está em situação ilegal", disse Sirino. Os advogados dos presos não foram identificados. Nesta quarta-feira (16), será feita a exumação do cadáver sepultado em São José dos Pinhais.
