Acusadas de fazer parte de um esquema milionário, com ramificação por países da Europa e da América Latina, quatorze pessoas foram presas durante uma operação desencadeada pela Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC). Estima-se que o bando tenha faturado mais de R$ 10 milhões ludibriando empresários do Paraná, Mato Grosso e São Paulo. A quadrilha agia em duas frentes: com a venda de títulos falsos e com promessas mentirosas de empréstimos.
Ontem, dezessete mandados de busca e apreensão foram cumpridos e quatorze pessoas presas em Curitiba, Balneário Camboríu, Brasília, Matinhos, Apucarana e Foz do Iguaçu. Com o bando foram apreendidos quatro veículos importados, 18 títulos do Banco Central da Venezuela, avaliados em R$ 25 milhões cada, e vários títulos de crédito de outros países. Dois eram da Petrobras. Todos falsos.
Júnior Euclides Avelar dos Santos, 35 anos, Sérgio Luiz da Silva Guimarães, 43, um homem identificado como João Djalma Prestes Júnior, e os argentinos Oswaldo Ponche e German Miguel Kulberg, foram apontados como os chefes da quadrilha. Os argentinos estão foragidos. Júnior foi preso em Santa Catarina e Sérgio e João, em condomínios de luxo, no bairro Santa Felicidade, em Curitiba. A polícia identificou quatro vítimas, que juntas somaram um prejuízo de R$ 1 milhão. Entretanto, há indícios de que outros empresários, espalhados pelo País, tenham sido enganadas, entregando à quadrilha mais de R$ 10 milhões.
Golpe
Os golpistas, altamente especializados, passavam-se por membros de instituições financeiras internacionais, dispostos a investir no Brasil. O empresário era ludibriado a fazer empréstimos e atraído pelos juros bem inferiores aos propostos pelos bancos brasileiros. Para dar credibilidade a farsa, os criminosos custeavam a viagem e a hospedagem das vítimas em Madri, na Espanha, onde estaria a sede da fictícia empresa. Lá, o empresário era levado a um escritório de luxo e convencido a fazer o empréstimo. Para isso, era obrigado a pagar um valor de seguro. ?Num dos casos a vítima pagou R$ 150 mil pelo seguro para receber o empréstimo de R$ 1 milhão?, contou o delegado Marcus Vinicius Michelotto, titular da DEDC. Entretanto, o empréstimo nunca foi consumado.
Os depósitos eram feitos em contas bancárias de empresas de fachada. Para dar mais credibilidade à financeira, os golpistas criavam sites na internet. ?O empresário acreditava que aplicando o dinheiro emprestado no exterior em bancos do Brasil, poderia usar os rendimentos para pagar os juros baixos da fictícia financeira?, contou Michelotto.
A polícia conta com apoio da Interpol para prender os dois argentinos foragidos e Luiz Fernando Zanellato, 43, que estariam na Espanha. Nos próximos dias, a polícia deve divulgar o resultado da operação, já que o material apreendido nas outras cidades do Paraná e em outros estados ainda não foi entregue à DEDC.