Na intensa busca pela captura do quadrilheiro Walter Dal Toso Júnior, 43 anos, conhecido por "Mestre", o delegado titular da delegacia de São José dos Pinhais, Osmar Dechiche, anunciou ontem que irá solicitar o "seqüestro" de todos os bens e contas bancárias do fugitivo. Segundo ele, desta forma a família de Walter terá que explicar na Justiça a origem da fortuna adquirida por ele e, caso seja comprovada a origem ilícita, as vítimas poderão ser ressarcidas com os bens do quadrilheiro.
De acordo com o delegado, a fortuna do fugitivo é estimada em R$ 2 milhões, uma vez que os policiais já apuraram que ele é proprietário de pelo menos quatro mansões no município, duas casas no litoral paranaense, além de possuir diversos carros e motocicletas importados. "A família dele terá que provar na Justiça que os imóveis não são fruto do crime para poder desbloquear os bens. Enquanto isso, ele não poderá efetuar nenhuma venda ou fazer qualquer movimentação em sua conta bancária. Esta será uma forma de ressarcir as vítimas", afirmou o delegado.
Revolta
Na casa de um parente do quadrilheiro os policiais apreenderam, ontem, 220 cartuchos de munição italiana, calibre 12 milímetros; uma pistola 765 e munição para esta arma. Segundo o superintendente da delegacia local, Altair Ferreira, "Mestre" tentou dispensar as armas, porém o parente dele foi descoberto e entregou todo o material sem esboçar qualquer reação. "A família dele está revoltada, pois no dia que ?Mestre? tentou fugir do cerco policial, ele levava um sobrinho no carro. O veículo foi perfurado a balas e os parentes não admitiram que ele tivesse envolvido o rapaz, de 19 anos, na fuga", contou Ferreira.
Dando continuidade à caçada ao quadrilheiro, fotos dele foram espalhadas em diversos locais públicos, como aeroportos e postos da Polícia Rodoviária Federal e Estadual. Além disso, o mandado de prisão de "Mestre" foi incluído no Infoseg – banco de dados nacional da Polícia Civil -, o que o torna procurado em todo o País. Os policiais também solicitaram a prisão preventiva de outros cinco suspeitos de estarem envolvidos nos assaltos, porém os nomes estão sido mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações.
Calote até nos comparsas
Com a prisão da quadrilha paulista, feita no último domingo, a situação de Walter Dal Toso Júnior, o "Mestre" complicou-se ainda mais. Segundo o policial Altair Ferreira, através do comparecimento das vítimas dos assaltos na delegacia, os integrantes da quadrilha descobriram que foram enganados pelo mentor dos crimes.
De acordo com o policial, os assaltos eram cometidos em etapas. Na primeira fase, os marginais levavam dinheiro, jóias e outros objetos, colocando-os em sacos, os quais eram entregues ao braço-direito do quadrilheiro, André Luiz Delega, que já está preso na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Delega era o responsável pela avaliação e divisão dos produtos roubados. "Ele não permitia que os assaltantes contassem o dinheiro ou avaliassem as jóias. Eles entregavam as mercadorias sem saber o quanto tinham roubado e desta forma foram enganados", explicou Ferreira.
Na delegacia, os assaltantes descobriram que, em um assalto cometido por eles, onde foram levados várias jóias, euros e dólares, avaliados em R$ 300 mil, Delega e "Mestre" mentiram, dizendo que o valor do assalto tinha ficado em R$ 120 mil. "O bando ficou revoltado com o calote e contou toda a participação de Delega nos crimes. Com isso foi confirmada a participação direta dele na armação dos assaltos", finalizou Ferreira.