Um dos homens mais procurados pela Justiça do Paraná, o ex-policial civil Samir Skandar, foi preso na manhã de ontem, por policiais federais que contaram com o apoio do Comando de Operações Especiais (COE), da Polícia Militar. Skandar estava escondido no fundo falso de um armário, no quarto de sua residência – uma casa de alto padrão situada na Rua João Evangelista Espíndola, 1267, no Jardim Social. Foram apreendidas três armas – duas pistolas pertencentes à Polícia Civil do Paraná e um revólver calibre 38 -, três carteiras de identidades com nomes falsos, certa quantia em dinheiro e telefone celular. Algemado, o detido foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal.
De acordo com o delegado Jaber Saadi, a operação iniciou por volta das 7h, quando policiais federais e militares cercaram a casa e se prepararam para cumprir os mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, expedidos pela 5.ª Vara Criminal de Curitiba. O ex-policial, ao observar a movimentação, tratou de buscar um refúgio, escondendo-se em um armário. Durante a vistoria na propriedade, ele foi localizado e preso. Dos veículos que estavam estacionados na garagem, um Vectra e uma Blazer foram levados para serem periciados. Apenas o Audi A3 permaneceu na casa. Os veículos apreendidos continham fundos falsos, preparados para o transporte de dinheiro ou entorpecentes.
Acusações
Conforme Saadi, o detido é acusado de envolvimento em várias modalidades de crime que estão sendo investigadas. Mas o mandado cumprido foi emitido pelos crimes de furto e formação de quadrilha. O delegado ressaltou o trabalho consistente feito pela Polícia Federal que impediu que o procurado pudesse se esconder ou fugir novamente. Em outras ocasiões, Skandar já havia escapado de operações realizadas pela Polícia Militar e pelo Gerco, grupo policial ligado à Promotoria de Investigação Criminal (PIC).
As investigações sobre o detido continuam com a apuração dos documentos e material apreendido na residência. "Ele é detentor de muitas informações. Vamos ver o que ele está disposto a falar", afirmou o delegado. A PF começou a investigar Skandar no ano passado, mas ele tinha contra si mandados de prisão expedidos em 2003. A prisão fez parte da Operação Tentáculos II, realizada ontem, em Curitiba.
De investigador a foragido
Samir Skandar já esteve detido na Superintendência da Polícia Federal durante a passagem da CPI do Narcotráfico, pelo Paraná, em março de 2000. O nome dele foi citado e o denunciado chegou a prestar esclarecimentos à comissão. Além do suposto envolvimento com o tráfico de drogas, o ex-policial civil é acusado de ser um dos líderes de uma grande quadrilha envolvida com o roubo de camionetas que eram levadas para o Paraguai e revendidas, ou encaminhadas para desmanches em Santa Catarina.
Em 2003, Skandar quase foi preso por policiais militares do Regimento da Polícia Montada. Perseguido, ele conseguiu entrar na casa onde mora e se escondeu no fundo falso do armário, evitando assim sua prisão.
Em outubro de 2002, uma força-tarefa da PIC prendeu dez pessoas acusadas de integrar a quadrilha. Desde então, Skandar é procurado. Em janeiro de 2003, outros componentes do grupo foram mortos durante uma troca de tiros com policiais no posto rodoviário federal, em Barra Velha, Santa Catarina. Foram mortos Hércules Lemos da Silva, Paulo Roberto Alexander Prosdócimo e Josenei Lemos da Silva, irmão de Hércules. Paulo Roberto Prosdócimo Filho foi baleado na ocasião, assim como um policial rodoviário.