O suboficial da Aeronáutica e funcionário da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Ângelo Reinaldo Fernando Cassol foi preso, ontem de manhã, pela Polícia Federal em Foz do Iguaçu. Ele é acusado de envolvimento com a quadrilha do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, preso em São Paulo durante a Operação Farrapos, da Polícia Federal, há onze dias. De acordo com a polícia, Cassol seria um intermediário na obtenção de carimbos de passaportes falsificados utilizados pela quadrilha para entrar e sair do Brasil.
Um policial federal aposentado também foi detido. Informações extra-oficiais dão conta de que seria Adilson da Silva. Segundo a PF, o policial aposentado era o homem capaz de conseguir os carimbos solicitados por Ângelo Cassol, a mando de Abadía. Dessa forma, o suboficial conseguia fornecer passaportes e vistos falsos para a quadrilha do traficante, que usava pelo menos cinco documentos diferentes, com nomes falsos.
A PF chegou ao nome de Cassol através do piloto de Abadía, André Luiz Telles Barcellos, também preso na semana passada. Graças ao ?trabalho? do funcionário da Anac, o colombiano conseguia revalidar os vistos de entrada e saída do Brasil sem precisar viajar. Dessa forma, Abadía conseguiu passar três anos no País.
Além dos dois mandados de prisão, expedidos pela 6.ª Vara Federal de São Paulo, a polícia cumpriu três mandados de busca e apreensão na residência de Cassol, na agência de turismo da esposa dele e em sua sala na Anac, nas dependências do aeroporto da cidade. Foram pegos documentos, anotações e computadores, os quais serão avaliados pela polícia de São Paulo, onde está centralizada a operação.
A polícia esclarece que o fato de Cassol ser funcionário da Anac não fornece qualquer vínculo da agência com as ilegalidades supostamente praticadas por ele. Cassol e o policial aposentado foram transferidos ainda ontem para São Paulo, onde ficarão detidos.
A diretoria da Anac, porém, informou que exonerou Ângelo Cassol do cargo e determinou sua devolução à Força Aérea Brasileira (FAB), para que tome as providências legais cabíveis. De acordo com nota emitida pela agência, ?o referido suboficial era responsável pela Seção de Aviação Civil (SAC) em Foz do Iguaçu?. A reportagem de O Estado tentou contato com a assessoria de imprensa da Aeronáutica, mas não obteve sucesso.
Envolvidos
O superintendente da PF de São Paulo, Jaber Saadi, que esteve ontem em Curitiba, não quis revelar detalhes da operação, dizendo que a prisão de Cassol era apenas ?rescaldo? dos trabalhos de investigação. Saadi ressaltou que, por envolver um grande número de pessoas, a PF solicitou segredo de justiça. Por isso, o superintendente não confirmou o envolvimento de empresários paranaenses com Abadía.
Ontem, em São Paulo, duas das doze pessoas presas por envolvimento com o traficante colombiano quando deflagrada a Operação Farrapos foram liberadas. André e Elaine, como foram identificados pela polícia, deixaram a carceragem por causa do término do prazo de prisão temporária.