Policiais armaram todo o aparato, trancaram
a rua e explodiram fechaduras.
Mas o único problema do carro velho
era falta de gasolina.

Na tarde de ontem, a rua em frente ao prédio da Copel se transformou em cenário de uma história inusitada. Uma ameaça de bomba tumultuou a região do Batel e a situação só teve desfecho após a intervenção do esquadrão antibombas do COE (Comando de Operações Especiais) da PM. O saldo da operação foi um Passat parcialmente destruído por ter considerado um carro-bomba. Mas o que gerou toda a situação foi um tremendo mal-entendido.

Isolamento

A Rua Coronel Dulcídio, entre a Avenida Batel e Rua Comendador Araújo, foi bloqueada por policiais militares da Rone e do 12.º BPM e a passagem de pedestres também foi interrompida. Tudo isso porque um Passat, ano 81, foi abandonado estacionado em frente ao prédio da Copel, desde às 11h, e o seu proprietário, Luiz Renato Beltrão, 46 anos, entrou no local pedindo informações aos funcionários do prédio sobre a posse do novo presidente da empresa e depois desapareceu. A atitude suspeita despertou a atenção dos seguranças, que entraram em contato com a PM. Policiais do serviço reservado (P-2) compareceram ao local e tentaram localizar o proprietário do veículo. Como não conseguiram, verificaram pelo sistema de dados a situação do veículo. O Passat apresentava várias irregularidades, como IPVA vencido e muitas multas, e isso deixou as autoridades em estado de alerta.

As evidências encontradas fizeram os policiais achar que se tratava de um possível carro-bomba que fora abandonado em frente ao prédio da Copel. Desta forma, o esquadrão antibombas foi acionado.

Depois de isolada a área em redor do veículo suspeito, a equipe do COE deu início aos seus trabalhos. Utilizando roupa especial, um oficial do esquadrão realizou a vistoria exterior do veículo e nada foi encontrado.

Explosões

Como havia a suspeita de a “bomba” estar dentro do veículo, o grupo especial adotou o procedimento de segurança internacional para esse tipo de caso: explodir as portas de acesso ao veículo. Segundo o tenente João Rodrigues Feitosa, isso era necessário, pois se as portas fossem abertas com uma mixa poderiam acionar algum dispositivo e ocorrer uma explosão.

Uma pequena quantidade de explosivos foi colocadas no porta-malas e no capô do Passat. Na seqüência, os artefatos foram explodidos. Quando os integrantes do COE se preparavam para detonar a terceira carga de explosivos nas portas, o proprietário do carro apareceu, carregando consigo uma garrafa plástica com combustível.

Assustado com o tumulto e com o estado de seu veículo, o homem, que se identificou como o produtor rural Luiz Renato Beltrão, explicou por que seu carro estava parado naquele local: falta de gasolina. Ele contou que por volta das 10h saiu de sua chácara em São José dos Pinhais para almoçar na casa dos pais, no Batel. Quando passava pelo prédio da Copel, na Rua Coronel Dulcídio, seu carro ficou sem gasolina e ele estacionou no único lugar disponível.

Prejuízo

Segurando a garrafa com o combustível, Luiz disse que achou justo todo o aparato de segurança utilizado na situação, mas mesmo assim disse que pretende recuperar o prejuízo entrando com uma ação contra o Estado. “Agora vou ter que voltar de ônibus para casa”, finalizou.

O carro foi encaminhado para o pátio do Batalhão de Trânsito (BPTran).

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