Uma operação realizada na Ilha do Mel durante o Carnaval resultou na apreensão de 3,8 quilos de drogas diversas – a maioria maconha – e na detenção de 75 pessoas por porte e uso de drogas. Também foram apreendidos frascos de lança-perfume e objetos utilizados para consumo de entorpecentes.
Cerca de quinhentas barracas foram vistoriadas, além de campings e pousadas. As pessoas que foram detidas, a grande maioria estudantes universitários residentes no Estado de São Paulo, foram encaminhadas ao posto da Polícia Florestal da ilha para lavratura de termo circunstanciado, a partir do qual responderam por porte e uso de drogas junto ao Juizado Especial Criminal da Ilha do Mel. Todos já foram liberados.
Dados do Juizado Especial Criminal da Ilha do Mel indicam que o número de processos e de pessoas envolvidas em ilegalidades cresceu desde o Carnaval passado. Em 2003, segundo o juiz de Direito designado para atender a Ilha do Mel, Daniel de Avelar Ribeiro, foram abertos 46 processos, com 78 pessoas envolvidas. Este ano, são 101 processos, com 134 pessoas envolvidas – quase 90% dos casos são relacionados ao tóxico.
A operação, realizada entre quarta-feira da semana passada e a terça-feira de Carnaval, foi comandada pelo Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), ligado à Promotoria de Investigação Criminal (PIC), em conjunto com a Polícia Florestal e o 9.º Batalhão da Polícia Militar. Durante a operação na ilha, também foi detido um guarda municipal de Paranaguá que vestia uniforme com insígnia da Polícia Civil e portava algemas. Ele foi encaminhado para a delegacia de Ipanema, para lavratura de termo circunstanciado e responderá por usurpação de função pública.
De acordo com o segundo tenente da Polícia Florestal em Brasília, Daniel Piculski, quase 60% dos detidos é de São Paulo, seguido por Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A faixa de idade varia entre 18 e 28 anos. A grande maioria é homem (70%).
O porte e uso de drogas é considerado crime de menor potencial ofensivo e prevê detenção de até dois anos. “Se a pessoa não tiver antecedentes criminais, é feito um acordo com o Ministério Público e a pena se transforma em prestação pecuniária – pagamento de multa de no mínimo R$ 240,00 – ou prestação de serviços à comunidade”, explicou o juiz de Direito designado para atender a Ilha do Mel, Daniel de Avelar Ribeiro. Segundo ele, 95% das drogas apreendidas é maconha, mas também foram apreendidos cocaína e ecstasy. “Queremos desmistificar a idéia de que a Ilha é o paraíso das drogas e de que não há polícia”, afirmou o juiz.
Superlotação
O Carnaval na Ilha do Mel também foi tumultuado em relação ao excesso de visitantes. “Houve entrada de visitantes além do permitido”, explicou o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Rasca Rodrigues. O limite estabelecido desde 1997 é de 5 mil turistas, mas neste Carnaval entraram cerca 6,5 mil. “A Ilha do Mel não é um balneário, mas uma estação ecológica de preservação ambiental”, defendeu Rasca. Segundo ele, a superlotação compromete a qualidade de água, provoca problemas de esgoto e causa mau cheiro. “Nos últimos dois anos, aumentaram muito as reclamações. Estabelecemos, então, novas normas como a proibição de construções, de entrada de animais domésticos e de fogos e fogueiras”, comentou. Na segunda-feira, cerca de 200 pessoas foram proibidas de entrar na ilha, por excesso de visitantes.
“Haverá um controle muito maior por parte do Estado já na Páscoa”, prometeu Rasca. Segundo ele, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano está realizando estudo que vai apontar se a ilha tem capacidade para receber mais turistas. O estudo deve ficar pronto no final de abril.