Bar em Colombo escondia prostíbulo onde a exploração infantil rolava solta. Maria de Lourdes, dona do boteco, foi presa. |
Um anúncio de rádio oferecendo emprego numa lanchonete escondia um caso de exploração de prostituição infantil, desbaratado pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo. Uma mulher de 65 anos, acusada de obrigar duas adolescentes a vender o corpo num bar transformado em prostíbulo, foi detida na noite de terça-feira. Dois filhos dela, que também teriam envolvimento com o caso, estão foragidos.
Foi através de uma denúncia recebida pelo Conselho Tutelar de Colombo que a Polícia Civil descobriu o Bar Meu Cantinho, na Rua Manoel de Souza, Jardim Curitibano. Ali estavam vivendo duas garotas, de 14 e 15 anos, vindas de Itaperuçu e Cerro Azul. No momento da chegada dos investigadores, uma delas atendia fregueses no balcão, enquanto a outra conversava com um homem do lado de fora. Quando ambas confirmaram que faziam programas no local e eram menores de idade, a proprietária do bar, Maria de Lourdes do Espírito Santo Linhares, 65 anos, recebeu voz de prisão.
As garotas portavam certidões de nascimento de duas maiores de idade, de 18 e 22 anos. “Os documentos eram de netas de Maria de Lourdes. As meninas eram orientadas a apresentar as certidões caso a polícia aparecesse”, afirmou o superintendente Job de Freitas, da DP do Alto Maracanã.
Programas
As adolescentes chegaram ao bar atraídas pelo anúncio que prometia emprego de garçonete. Lá dentro, a realidade era bem distinta. “Ela (Maria) e o Artur (filho da acusada) disseram que a gente tinha que fazer um monte de programas. Umas três vezes juntei minhas coisas para ir embora, mas diziam que iam inventar para minha mãe que eu estava grávida”, disse a adolescente mais nova, que permaneceu 15 dias no estabelecimento. As meninas contam que a promessa era de pagar R$ 150,00 por mês – mas o dinheiro dos programas (entre R$ 25,00 e R$ 35,00 cada) ia direto para o bolso dos donos do bar. “Falavam: `aquele freguês tá afim de você’. Tínhamos que ir”, falou a outra menina, que ficou oito dias no lugar.
Os donos impediam o contato das garotas com parentes, dizendo a eles que ambas trabalhavam como domésticas e estavam sendo bem tratadas. Segundo as garotas, outras duas meninas, de 12 e 10 anos, também foram obrigadas a se prostituir no bar. “Mas não vimos elas, só ficamos sabendo”, contou uma das adolescentes.
A polícia investiga a denúncia de que os acusados são donos de outras casas de prostituição em Colombo. Maria de Lourdes foi autuada em flagrante por “submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual”, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.