Osvaldo Miranda, 42 anos, um dos envolvidos na chacina que dizimou cinco pessoas da mesma família, no início do mês, na região do Limoeiro, zona rural do município de Rio Branco do Sul, está preso e foi apresentado ontem pela manhã, na delegacia. Seu filho Fabiano Miranda, e seu irmão, Antônio Miranda, outros dois acusados, continuam foragidos.
No último dia 7, com requintes de crueldade o trio matou Abraão Miranda, 59 anos; a mulher dele, Isa de Oliveira Miranda, 58; as filhas do casal, Vera, 28, e Rafaela, 15, bem como Eber de Oliveira Faria, 22 – namorado de Rafaela. Todos receberam pauladas na cabeça e tiveram seus corpos jogados no mato, ao longo de uma estrada sem asfalto, próximo do local onde moravam. Osvaldo e Antônio eram parentes de Abraão.
Segundo o superintendente Mendes, da delegacia de Polícia Civil daquele município, uma denúncia anônima informou que os irmãos e também Fabiano estariam escondidos na casa de uma outra irmã, no Jardim Holandês, em Piraquara. "Solicitamos o apoio do superintendente Fernandes, da delegacia de Piraquara, e fomos atrás dos suspeitos. Quando chegamos na casa, só encontramos o Osvaldo. Ele apresentou documentos falsos, tentando nos enganar, mas achamos a documentação verdadeira dentro de uma caixa", revelou o policial. Osvaldo é fugitivo da Colônia Penal Agrícola (CPA) – já cumpriu pena de 18 anos – e tem um mandado de prisão por ter participado do roubo de armas no Fórum de Cerro Azul.
Versão diabólica
Questionado sobre o motivo das mortes, Osvaldo tentou se inocentar, afirmando não ter participado do crime. No entanto, relatou que, naquela noite, Fabiano e Antônio foram até a sua casa, no centro de Rio Branco do Sul, convidá-lo para participar de alguns assaltos. Ele seria o motorista, enquanto os outros dois fariam os roubos na região de Colombo. Disse o preso que a princípio recusou o convite, mas se sentiu ameaçado pelo irmão que, em sua versão "é uma pessoa fria e sanguinária".
"Quando eles chegaram na minha casa, por volta de 22h, já tinham matado Eber e jogado o corpo na estrada que dá acesso à casa . Eles queriam o carro emprestado para fazer os assaltos e o menino não quis emprestar, por isso o mataram", disse Osvaldo.
Quanto ao restante da família, o preso revelou que a idéia de matar a todos foi de Antônio. "Meu irmão disse que precisava voltar na casa para ?dar baixa’ em toda a turma, como queima de arquivo", contou. Ocorre que Fabiano e Antônio haviam estado horas antes na casa, para pedir uma carona até o centro da cidade. Abrão tinha feito uma cirurgia cardíaca recente e, impedido de dirigir, pediu ao namorado da filha que levasse os dois em seu Del Rey, sem suspeitar de nada.
Chacina
De volta à moradia das vítimas – Osvaldo disse que ficou no carro – Fabiano e Antônio, armados cada um com um revólver calibre 38, invadiram a casa e renderam o casal e as duas filhas. Abraão foi colocado no porta-malas do automóvel e as três mulheres no banco de trás, junto com Fabiano. Antônio controlava a situação do banco do passageiro.
Eles seguiram até a área de reflorestamento, em uma estrada secundária na região do Limoeiro. Vera e Isa, amarradas com um fio de luz, foram as primeiras a ser executadas e os corpos abandonados à margem da estrada. Além de pancadas na cabeça, todos foram baleados, fato comprovado posteriormente pela polícia e confirmado pelo autor. Em seguida o corpo de Rafaela foi jogado em uma ribanceira. Abraão foi o último a ser desovado no mato.
Do mesmo sangue
De acordo com o policial Mendes, Osvaldo tentou se isentar dos fatos, mas entrou várias vezes em contradição. "Ele disse que tinha medo da reação do irmão e do filho, por isso, participou das mortes. Se não quisesse participar, teria fugido quando estava dirigindo o Del Rey", analisou o policial.
Durante o interrogatório, Osvaldo descreveu uma cena aterrorizante: "Na hora de ser executado, Abraão clamou por misericórdia e perguntou porque estavam fazendo isso, sendo gente do mesmo sangue. Antônio, sem nenhum remorso disse que isso de nada importava e atirou na cabeça de Abraão. Fabiano riu com a arma em punho".
Quando estavam voltando para o centro de Rio Branco, perto de 6h, o carro apresentou problemas mecânicos, bem próximo de onde haviam abandonado o corpo de Eber algumas horas antes. Eles atearam fogo no veículo e voltaram para a cidade a pé. Osvaldo e Fabiano foram para casa dormir e Antônio fugiu.
Antes da fuga, afirmou que se "a casa caísse" (ou seja, fossem descobertos) ele não seria encontrado com vida. A polícia continua a investigação e acredita que em breve apanhará os dois foragidos.
