Foto: Arquivo

Quinze minutos de barulho em vários pontos da cidade.

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Quinze minutos para dar a impressão de segurança. Esta é a determinação do delegado-geral-adjunto do Departamento da Polícia Civil, Francisco José Batista Costa, que assinou no último dia 13 a portaria n.º 004/2007, que determina que, hoje, todas as viaturas da Polícia Civil do Paraná saiam às ruas com giroflex e sirene ligados. Um verdadeiro carnaval fora de época.

Na determinação, o delegado enfatiza: ?… de forma a causar a impressão da presença dos carros de polícia em todos os pontos possíveis da cidade?.

Só que a impressão é só por quinze minutos e, se o delegado não revogar a ordem de serviço, devido a esta reportagem, o ?sirenaço? deve ser realizado entre as 13h e 13h15.

A determinação, segundo a ordem de serviço, é em cumprimento da Operação Nacional das Polícias Civis, deflagrada em todo o País na segunda-feira, para a prisão de homicidas.

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A ordem do delegado-geral-adjunto é contrária ao Código Nacional de Trânsito, que determina em seu artigo 29, inciso VII, alínea ?c?, que ?o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestação de serviço de urgência?.

Outra ordem

Outra ordem que está revoltando os policiais é que o delegado Valter Baruffi, da Divisão da Capital, que comanda os 13 distritos de Curitiba, determinou que, antes de fazer uma investigação, o policial deve comunicar com antecedência ao seu superior o local, o horário e a quilometragem. Também, as viaturas não podem mais circular pelas canaletas dos ônibus. ?Dessa forma não vamos prender ninguém mesmo.

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Até cumprir todas as determinações, os criminosos já fugiram?, denunciou um policial, que não pode ser identificado para não sofrer represálias. ?Não dá mais para trabalhar?, acrescentou.

Dificuldade para trabalhar

Hoje, a Polícia Civil conta com 3 mil homens em todo o Estado, incluindo delegados, escrivães e investigadores. Pela falta de efetivo, a maioria dos policiais se limita a cumprir plantões e fazer serviços burocráticos. ?A idéia do secretário de Segurança agora é colocar a P-2 (policiais militares do serviço reservado) para investigar. A Polícia Militar é uma polícia preventiva. Hoje há inversões de valores. Eles prendem e os policiais civis cuidam de presos?, reclamou outro policial.

O advogado Dálio Zippin Filho, do Conselho Penitenciário, disse que muitos delegados e policiais estão reclamando da falta de efetivo. ?Eles deflagraram agora essa operação nacional, mas se os delegados mandarem os policiais para a operação a delegacia fica vazia?, enfatizou Zippin, referindo-se à Operação Nacional da Polícia Civil.

Superlotação

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça, o Paraná tem 22 mil presos. Desses, 12 mil estão nas cadeias públicas e 10 mil no sistema penitenciário. Na capital, só recebem presos o 11.º DP (CIC) e o 12.º DP (Santa Felicidade). ?O 11.º DP está com 148 presos e tem capacidade para 45. O 12.º DP tem 126 detentos e a capacidade é para 16?, alegou o advogado Dálio Zippin Filho.  Nas outras unidades, os policiais não precisam tomar conta de carceragens.

Delegado deve ir a júri

O delegado Francisco José Batista da Costa, que determinou a operação, batizada pelos próprios policiais de ?Operação Apito?, é um dos acusados de envolvimento na farsa montada para encobrir o assassinato do jovem Rafael Rodrigo Zanella, morto por policiais do 12.º DP, em Santa Felicidade, em 1997. O delegado que deve ir a júri popular pelos crimes de usurpação de função pública e falsidade ideológica, uma vez que teria acobertado o crime, foi nomeado ao cargo de delegado-geral-adjunto da Polícia Civil em 28 de dezembro de 2005.