Polícia Civil cria grupo para investigar crimes antigos

Mais de três mil homicídios não solucionados há mais de dois anos, em Curitiba, serão investigados a partir de hoje, por um grupo especial que ganhou o sugestivo nome de Honre (Homicídios Não Resolvidos).

O novo setor será instalado inicialmente na Delegacia de Homicídios, na capital, e contará com duas equipes chefiadas pelo delegado Rubens Recalcatti. O projeto-piloto será aplicado na capital, mas a direção da Polícia Civil já admitiu a possibilidade de levá-lo para outros municípios.

A nova investida da polícia pretende dar respostas às famílias de vítimas, que, muitas vezes, vão cobrar pessoalmente na delegacia a continuidade das investigações.

O anúncio da criação do Honre foi feito na manhã de ontem, com a presença do delegado-chefe da Divisão de Investigações Criminais (DIC), Luís Fernando Viana Artigas Filho, e a equipe da Homicídios que assumiu a especializada em janeiro: a delegada titular Maritza Haisi e os cinco delegados operacionais: Cristiano Augusto Quintas dos Santos, Maurílio Alves, Jaime da Luz, Aline Manzatto e Rubens Recalcatti, este terá bastante trabalho nos próximos dias.

Atropelados

Ao todo, segundo o delegado Artigas, são 3.600 inquéritos de crimes não solucionados anteriores a 2008 e que, segundo ele, iam sendo “atropelados pelos homicídios mais novos”.

Desse total, será feita uma triagem para se chegar aos homicídios que ainda podem ser resolvidos ou encaminhados à Justiça com sugestão de arquivamento provisório.

Um exemplo que teve repercussão nacional é a morte brutal da menina Rachel Genofre, encontrada numa mala na rodoferroviária de Curitiba em novembro de 2008.

A delegada responsável pelo caso é Vanessa Alice, ex-titular da DH e que retornou ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), mas mesmo assim continua responsável pelo inquérito.

“Alguns casos acabam de lado devido ao acúmulo de trabalho em função do volume de ocorrências”, esclareceu Artigas, lembrando que o Ministério Público deverá ser chamado como parceiro na empreitada, já que cabe a ele fiscalizar o trâmite dos inquéritos.

Novatos

O grande volume de inquéritos não solucionados obrigou o chefe da DIC a nomear investigadores e escrivães das turmas que estão se formando na Escola Superior de Polícia Civil.

Segundo a delegada Maritza, o balanço dos homicídios de janeiro, mês em que a nova equipe assumiu a DH, chegou a 76. A estatística de fevereiro ainda não foi concluída.

O resultado da experiência será sentido a médio e longo prazo. Diante do desafio, o delegado Recalcatti se mostra confiante e disse que vai se “empenhar” para analisar o grande número de inquéritos.

Triagem

Para a triagem dos mais de 3 mil inquéritos, serão seguidos critérios como o tempo entre a prática do crime e a data da análise; as possibilidades de produção de novas provas; aquelas já colhidas e os indícios apurados até então.

“Um dos pilares dessa nova forma de investigação é entrar em contato com a família da vítima para ver se há possibilidade ou não de investigação. Nossa ideia é abrir um canal de comunicação com o público de forma geral”, disse Artigas.

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