Trabalho mobilizou 150 policiais. |
Apenas uma pessoa foi presa na operação desencadeada ontem, na Vila Verde, Cidade Industrial, que mobilizou 150 policiais civis e militares, que contaram com 55 viaturas, cães e até um helicóptero. Treze mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Anderson de Deus, 18 anos, foi preso com 55 pedras de crack. Na casa do acusado também foram apreendidos alguns objetos, que a polícia suspeita serem furtados e trocados por drogas. Anderson foi levado ao 11.º Distrito, e autuado por tráfico. Durante os trabalhos, 72 pessoas foram abordadas e 20 veículos vistoriados. O Vectra placa BCA-0440, roubado no último dia 18, no Capão Raso, foi encontrado abandonado no local.
Por volta das 5h os policiais se reuniram. Uma hora depois cercaram a vila. As equipes se dividiram e fizeram a "varredura" no local. Todos os mandados foram cumpridos no período da manhã. À tarde, policiais continuaram na Vila Verde, fazendo patrulhamento ostensivo e preventivo,o que deve se estender por um período indeterminado.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) a ordem é que a cada 20 dias um local, previamente avaliado e considerado de alta criminalidade, seja alvo de uma grande operação. No intervalo de cada operação são desenvolvidas investigações para que os policiais possam solicitar mandados de busca e apreensão e de prisão à Justiça. A Sesp informou ainda que a "limpeza" na região está sendo realizada para que o governo do Estado possa implantar projetos sociais e recuperar a área.
O delegado Walter Baruffi Júnior, que coordenou a operação e é chefe da Divisão de Narcóticos, informou que, se a população fizer novas denúncias de criminosos que residem e agem na Vila Verde, novas operações poderão ser deflagradas na região.
O comandante do 13.º Batalhão, major Irineu Ozires, afirmou que a operação visa dar mais tranqüilidade aos moradores da vila. "A maior preocupação é o tráfico de drogas, que dá origem a outros delitos, como furto, roubos e até homicídios", salientou o major.
Moradores se assustam, mas aprovam policiamento
A chegada dos policiais à vila, logo no início da manhã, assustou parte dos moradores da região, inicialmente gerando medo. Porém, a operação foi bem vista pela maioria das pessoas. "Me assustei quando vi aquela quantidade imensa de policiais andando pelas ruas, mas acho que o trabalho é positivo. A gente fica mais tranqüila sabendo que a polícia está presente", disse a dona de casa Maria Terezinha da Silva.
A comerciante Maria José Nogueira aguardava atendimento no posto de saúde da região quando os policiais chegaram. No começo ela ficou amedrontada, mas depois se acalmou e também considerou a operação benéfica. "Vi aquele monte de policiais e fiquei assustada por não saber direito o que estava acontecendo, mas acho bom que eles estejam circulando pela vila. Graças a Deus nunca me aconteceu nada, mas a violência é grande na região."
Trabalho surte efeito em outras vilas
Patrícia Cavallari
A operação desencadeada na Vila Verde, Cidade Industrial de Curitiba, aconteceu nos mesmos moldes das realizadas este ano na Vila Torres e no Parolin. Segundo o major César Alberto Souza, chefe de planejamento do Comando de Policiamento da Capital (CPC), os locais são escolhidos a partir da incidência de denúncias e de investigações que os apontam como grandes focos de criminalidade. "Existe um mito de que nestas regiões há lideranças criminosas que não deixam a polícia entrar e exercer seu papel, mas isso não é verdade. Com estas ações nós conseguimos detectar e prender fortes criminosos e desenvolver serviços sociais, devolvendo o direito à cidadania à população de bem", conta o major.
Souza explica que as operações são desencadeadas através de denúncias feitas pelo telefone 181 (Narcodenúncia) e de investigações realizadas tanto pela Polícia Civil quanto Militar. Após identificar os criminosos que estão agindo em determinada área, são solicitados os mandados de prisão à Justiça.
Durante a invasão da polícia, os mandados são executados, e em seguida é feita a proteção da região, onde funcionários da prefeitura e do governo estadual iniciam os programas sociais. "Com a retirada dos marginais a região fica liberada para os trabalhos com a sociedade, como o recadastramento das escolas, fiscalização em bares e comércios, resgate social, entre outras ações. A população ganha um choque de cidadania", diz o major, lembrando que a tendência da ocupação na Vila Verde é fazer a criminalidade diminuir de forma significativa, assim como aconteceu na Vila Torres e no Parolin.
Projeto
Um dos motivos que despertou a atenção da polícia quanto a criminalidade na Vila Verde foi a informação de que muitos traficantes migraram para essa área.