Já está identificado o suspeito do triplo homicídio que quase dizimou uma família em São José dos Pinhais, no início da manhã de sábado. Segundo o delegado Osmar Dechiche, titular da DP local, o autor seria Jeferson Ermelino dos Santos, o "Dé", 21 anos, que está foragido.
Jeferson já tem mandado de prisão decretado pela Justiça de Maringá, acusado de uma dupla tentativa de homicídio. "Este rapaz é perigoso. Precisamos capturá-lo o mais rápido possível", disse o delegado, informando que já solicitou que a Justiça decrete a prisão de Jeferson pelo triplo homicídio e pela lesão corporal contra a criança. "Dé" foi identificado logo após o crime por dois sobreviventes.
De acordo com as investigações, o desentendimento que motivou o assassino a cometer os crimes começou na noite de sexta-feira no bar da Adair, em São José dos Pinhais. Na ocasião, estavam juntos no boteco, a proprietária e vítima Adair Nunes dos Santos Oliveira, 45, o amásio dela, Ezequiel Camargo da Luz, conhecido como "Bigode", e o assassino Jeferson "Dé", acompanhado da mãe, além de outras duas pessoas.
As 23h, Adair fechou as portas do estabelecimento, já que a lei do município não permite que bares funcionem após este horário. Apesar disso, todos continuaram bebendo e conversando, com as portas fechadas.
Desavença
Segundo relato do superintendente da delegacia, Altair Ferreira, Jeferson chegou ao bar e deu o revólver para Adair guardar. Por volta das 2h, Adair e a mãe de Jeferson começaram a discutir. O motivo era que quando "Bigode" recebia o pagamento, ele costumava pagar cerveja para os colegas. Na sexta-feira, pagou bebida para a mãe de Jeferson, o que deixou Adair enciumada.
Uma hora depois, o rapaz pediu sua arma para Adair e saiu para tirar satisfações com uma terceira pessoa. Ao retornar, Jeferson entregou novamente a arma à comerciante para que guardasse. Foi quando a mãe dele pegou o revólver e começou a ameaçar a família de Adair, que por sua vez, lembrou que seu filho estava preso, mas prestes a deixar a cadeia. Adair então provocou dizendo que queria ver se Jeferson era machão mesmo.
Às 5h Adair fechou o bar e foi para casa, situada na Rua Bartolomeu Lourenço Gusmão, no Jardim Ipê, acompanhada de "Bigode". A mulher trocou de roupa e foi escovar os dentes, quando ouviu alguém chamar seu nome. Adair comentou com o amásio que deveria ser Jeferson, mas que não iria atendê-lo.
Irritado, o rapaz arrombou a porta da moradia e foi até o quarto dela, onde efetuou os disparos. "Bigode", que estava deitado ao lado da mulher, rolou para baixo da cama. Em seguida, Jeferson recarregou a arma e foi até o quarto onde o filho de Adair, Aguinaldo de Oliveira Júnior, 23, estava dormindo com a namorada Maria Cristina Ribeiro Duarte, 24, e atirou contra a jovem. Aguinaldo ainda tentou convencer Jeferson a não atirar, mas os apelos não intimidaram Jeferson, que atirou contra o rapaz, que era paraplégico.
Sobrevivente quase perde a filha
A cena foi presenciada por Kelly, outra filha de Adair, que espiou pelas frestas de madeira da moradia. Ao ver a jovem, Jeferson também tentou eliminá-la e efetuou vários disparos. Mesmo assim, ela conseguiu escapar e pulou o muro, para pedir auxílio aos vizinhos.
Determinado a matar Kelly, Jeferson foi até a casa situada nos fundos do terreno, mas só encontrou a menina Kauane Cristina de Oliveira Ribeiro, 5 anos, deitada em um colchão, no chão. Sem piedade, o rapaz atirou no pé da menina. Ao ouvir o disparo, Kelly se desesperou e disse aos vizinhos: "Veio da minha casa. Ele matou minha filha". A mulher correu para a casa e ainda encontrou Jeferson, que efetuou um disparo contra ela, mas errou novamente. Para a sorte de Kelly a munição acabou e Jeferson foi embora.
Genro da vítima é preso por receptação
Ao acompanhar as filhas de Adair Nunes dos Santos Oliveira – uma das vítimas do triplo homicídio – para prestar depoimento na delegacia de São José dos Pinhais, Derciel Abi da Luz, 23 anos, genro da mulher assassinada, acabou preso e autuado em flagrante por receptação. Ele estava de posse do Monza, placa BLZ-3550, furtado na cidade dias antes. O delegado Osmar Dechiche informou que logo após o crime, policiais foram até o Jardim Ipê e localizaram duas filhas da vítima, sendo que uma delas estava acompanhada do marido Derciel. O investigador convidou as mulheres para acompanhá-lo até a DP e pediu para que elas entrassem na viatura. O policial falou para Derciel que ele poderia ir até a DP para depois levar as mulheres para casa. Porém, assim que encostou o Monza em frente da delegacia, chamou a atenção de um dos policiais, que há poucos dias havia registrado o boletim de ocorrência de um Monza semelhante. Ao checar a placa, ele apurou que o veículo era o mesmo e deu voz de prisão a Derciel. "Este rapaz já responde um inquérito aqui na Delegacia de São José, por homicídio, e outro por porte ilegal de arma, no 8.º Distrito (Portão)."
Duas das vítimas do triplo homicídio também tinham passagens pela polícia. Adair Nunes dos Santos Oliveira, 45, respondeu dois inquéritos por receptação. Seu filho, Aguinaldo Nunes dos Santos Oliveira, também assassinado, tinha antecedentes por roubo e receptação.