Seis meses se passaram desde quando Giovanna dos Reis Costa, 9 anos, foi brutalmente assassinada, em Quatro Barras. O crime ganhou repercussão, foi amplamente divulgado na imprensa e gerou protestos no município.
Desde então, a polícia da cidade ainda se esforça para encerrar o intrincado caso.
Apesar dos indícios da autoria do assassinato, a delegada Margareth Alferes Motta, responsável pelas investigações, pediu à Justiça que novos exames periciais sejam feitos. Desta vez, as amostras de sangue e de cabelos, encontrados na casa dos suspeitos, serão enviadas ao laboratório de genética da Unicamp, em São Paulo, referência nacional em extração de DNA.
As investigações apontam a participação do cigano Pero Theodoro Petrovitch Vichi (foto), 18 anos, e a mulher dele, de 15, no crime. Além do encontro de sangue humano no carro do casal e em uma garrafa plástica, a polícia recolheu vários vestígios de ritual de magia negra na casa deles.
As amostras de sangue e os fios de cabelos foram entregues ao Instituto de Criminalística do Paraná, mas os laudos foram inconclusivos. ?Sabemos que se trata de sangue humano, mas não foi possível descobrir qual é o tipo e se as amostras são de Giovanna. Por isso solicitamos à juíza que o material recolhido seja encaminhado à Unicamp?, disse a delegada.
Indiciados
Em julho, o casal teve a prisão preventiva decretada e, desde então, Pero e a esposa estão foragidos. O casal já teria deixado o Paraná e por isso a delegada conta com a ajuda da polícia de outros estados na captura do casal. ?Não podemos revelar quais são as cidades investigadas para evitar que eles fujam?, disse Margareth.
A delegada esperava prendê-los para interrogá-los novamente e juntar mais provas para indiciá-los.
Como não foram encontrados, na próxima semana, quando o inquérito voltar do Fórum, a delegada deverá finalmente indiciá-los indiretamente pela morte de Giovanna. Com isso, o casal será apontado como autor do crime, cabendo ao promotor Octacílio Sacerdote Filho, de Campina Grande do Sul, oferecer ou não denúncia contra Pero e sua esposa.
Sofrimento que não se apaga
?Estamos marcados para o resto de nossas vidas.? Este é o sentimento dos pais e irmãos de Giovanna. Hoje, eles se reúnem com parentes e amigos na igreja matriz de Quatro Barras, onde será celebrada missa em memória da menina. A cerimônia acontece às 19h30.
Meio ano depois da morte de Giovanna, a família ainda luta para reconstruir a vida. Segundo a mãe dela, Cristina Aparecida Costa, 31, a casa onde mora com o marido e os outros quatro filhos foi vendida, e eles devem se mudar nos próximos meses para uma casa que ainda está sendo construída, também em Quatro Barras. ?Não tem mais condições de a gente continuar morando aqui. Tudo nos lembra a Giovanna?, disse a mãe.
Na rotina da família não há mais diversão. Os passeios, que uniam pais e filhos, nos fins de semana, não acontecem mais. ?Nós queríamos reforço nas investigações. Está demorando muito para os assassinos serem presos. Vejo que meus outros filhos baixaram o rendimento na escola e que eles ainda não aceitam o fato de Giovanna não estar mais entre nós?, finalizou Cristina.
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