Dois policiais militares estão sendo apontados como os principais suspeitos da morte do jovem Laureci de Lima, ocorrida no final da tarde de domingo passado, na localidade conhecida por Areias, em Paranaguá. O rapaz, segundo testemunhas, teria sido torturado e submetido a uma sessão de afogamento em um das cavas ali existente. Espancado e sendo mantido submerso com um policial pisando em seu pescoço, Laureci não resistiu.

As investigações estão a cargo dos delegados Silvio Jacob Rockembach e Cleiton José da Silva, ambos da Suddivisão Policial de Paranaguá. “Nas próximas horas nós iremos intimar e pedir as prisões preventivas dos acusados e então também divulgaremos seus nomes”, afirmou o delegado Cleiton.

Violência

De acordo com o que foi apurado nas investigações, Laureci participava de uma comemoração com a chapa vencedora da eleição para a presidência do Sindicato dos Estivadores dos Portos de Paranaguá e Antonina, juntamente com Elza Moraes Tavares e o filho dela, Sandro Moraes Tavares. Em dado momento os três se desentenderam e iniciaram uma discussão.

Alguém chamou a polícia e dois PMs compareceram ao local para acalmar os ânimos. Os policias então conduziram Elza, o filho e a vítima para o camburão, trancafiando-os no xadrez do veículo. Ao invés de levá-los para a delegacia, os PMs rodaram por alguns lugares, pararam num módulo da Guarda Municipal, conversaram com alguns conhecidos e ali teriam aberto a porta de trás do camburão, ocasião em que um amigo dos detidos os avistou e tratou de comunicar as famílias de que eles estavam presos.

Morte

Novamente trancados, os três foram levados para Areias, onde existem várias cavas formadas exatamente pela exploração da areia. Lá, de acordo com o relato das vítimas, os policiais disseram à Elza que ela deveria fazer sexo oral e anal com eles. Porém não consumaram a ameaça. Em seguida ordenaram que os dois rapazes tirassem as roupas, ficando só de cuecas. Ambos obedeceram e passaram a ser agredidos, para em seguida sofrer sessões de afogamento na cava.

Sandro, após ter a cabeça enfiada na água por várias vezes, fingiu ter desmaiado. Seu amigo porém, não teve a mesma sorte. Brutalmente agredido e mantido submerso por longo tempo, acabou morrendo afogado.

Fuga

Percebendo que o rapaz estava sem vida, os PMs os abandonaram ali e fugiram em alta velocidade, levando as roupas dos jovens no camburão. Desesperados, mãe e filho trataram de deixar o local. No trajeto de volta à casa, feito a pé, ambos ainda foram agredidos por populares que ficaram indignados ao ver Sandro andando de cueca pela rua. Socorridos por uma família conhecida, Elza e o rapaz ficaram abrigados em uma casa até os ânimos se acalmarem. Os amigos providenciaram roupas para Sandro e só então os dois conseguiram voltar para casa.

A morte de Laureci, a princípio dada como afogamento, levantou suspeitas da polícia e logo após as primeiras investigações surgiram as denúncias contra os PMs. O comando do policiamento do litoral deverá ser comunicado dos fatos.

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