Um garoto de 15 anos foi ferido com um tiro na cabeça, dentro de uma Caravan que havia sido perseguida pela Polícia Militar. O estudante Mairon Dite foi levado em estado grave da Rua Fernando de Noronha, Boa Vista, até o Hospital Cajuru, às 2h30 de ontem. O comando do Regimento de Polícia Montada (RPMont) determinou a apreensão das armas utilizadas pelos policiais -há fortes suspeitas de que o tiro que atingiu o adolescente partiu de um membro da corporação.
A origem da confusão foi uma briga em uma barraca de cachorro-quente, na esquina da Avenida Paraná com a Rua Holanda, Boa Vista. Mairon e três amigos, que estavam na Caravan preta BCZ-5555, desentenderam-se com outro grupo de rapazes, ocupantes de uma camioneta.Com um golpe de facão, alguém quebrou o pára-brisa da Caravan, e seus ocupantes resolveram ir embora.
A PM foi acionada para uma ocorrência descrita como briga com disparo de arma de fogo -os próprios amigos de Mairon teriam feito o telefonema ao 190. Logo ao chegar, a primeira viatura do RPMont deteve um membro do outro grupo envolvido na confusão.
Fuga
Neste instante, a Caravan retornou à barraca de cachorro-quente. “Ao observarem a viatura, deram meia-volta e fugiram em disparada”, falou o major Edmir Edson da Cruz, comandante interino do RPMont. Segundo os acompanhantes de Mairon, eles saíram pelo medo de também ir para a prisão.
A Caravan foi perseguida pelo RPMont, que atirou para detê-la. O carro parou na Rua Fernando de Noronha, ainda no Boa Vista, e, então os policiais perceberam que Mairon estava baleado na cabeça, no banco de trás. A PM providenciou socorro médico ao ferido e encaminhou os três amigos ao 5.º Distrito e Delegacia de Adolescente, onde assinaram termo circunstanciado por vias de fato. Nenhum deles tinha passagem pela polícia, estavam desarmados e o carro que dirigiam era regular.
Perfurações
A Caravan, que tinha sinais de bala na lataria e no vidro traseiro, vai passar pela perícia da Polícia Científica. Moradores da Rua Fernando de Noronha disseram ter ouvido freadas, sirenes e muitos tiros. Segundo os colegas da vítima, Mairon não havia sido baleado durante a briga na Avenida Paraná.
O comandante do RPMont disse que a perícia e o inquérito policial militar vão determinar se o tiro partiu de um PM ou durante a confusão no cachorro-quente. Mas ele admite que seus comandados atiraram. “A recomendação é, numa perseguição como a de ontem, disparar para o alto, como advertência ou em direção ao pneu”, falou o major Edson. Os oito policiais envolvidos na ocorrência tiveram as armas apreendidas e seguem em atividade durante a tramitação do inquérito.