A Polícia Militar divulgou ontem a conclusão do inquérito policial militar que apurou em que circunstâncias o estudante Anderson Froese de Oliveira, 18 anos, morreu durante uma abordagem, às 2h15 da madrugada do dia 2 de novembro. O coronel Nelson Carnieri, diretor pessoal da PM, informou que ficou constatado que o soldado Nilton Hasse, 33 anos, e o cabo Afonso Odair Konkel, 26, ambos lotados no 13.º Batalhão, não falaram a verdade quando alegaram que houve troca de tiros. “Eles foram indiciados por homicídio doloso, tortura e fraude processual. Não acredito que eles tiveram a intenção de matar o estudante, mas depois que ocorreu, eles armaram uma farsa e não falaram a verdade durante o processo, quando tiveram oportunidade”, salientou o coronel.

Júri

Carnieri informou que o próximo passo é a abertura do processo disciplinar que prevê a expulsão dos dois policiais. “Trata-se de um crime hediondo e deverá ser julgado pela Justiça comum”, comentou o coronel. Ele disse que este fato não é isolado na Polícia Militar, mas todos os que chegam ao conhecimento do comando as providências são tomadas. Neste ano foram instaurados 527 inquéritos policiais militares. Em dois deles o cabo Konkel é citado no que se refere a morte de outro estudante e de um morador da favela do Parolin, que foi espancado e teve o rosto queimado por uma máquina de lavar à jato, em maio deste ano. “Este último ainda está em andamento.”

O coronel disse que não foi constatado que os outros policiais que participaram da operação tiveram envolvimento com o caso. Segundo ele, os oficiais que deveriam comandar a operação, não tinham conhecimento do caso do estudante. “Normalmente os policiais tem que comunicar seus comandantes, mas neste caso isto não ocorreu”, revelou. “Agimos com transparência. Apuramos que depois que o soldado Nilton Hasse atirou no garoto, tentou encobrir o erro, atirando no próprio carro, arrumando as armas e tentando incriminar as vítimas”, frisou.

Ele disse que agora o inquérito será remetido à Auditoria Militar, que deverá analisar e remeter à Justiça comum e os acusados deverão ser submetidos a júri popular. O cabo e soldado continuam presos no Batalhão de Polícia de Guarda, no Ahu.

Defesa

O advogado dos policiais, Peter Amaro de Souza informou que irá provar a inocência de seus clientes. “O garoto que morreu era pichador. Vou provar no processo que não era santo. Meus clientes agiram no exercício do dever”, relatou. Ele contestou o inquérito policial militar e alega que o homicídio foi culposo, já que, segundo ele, seus clientes não tinham intenção de matar o estudante.

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