O dois policiais militares suspeitos de terem matado o jovem Laureci de Lima, 21 anos, durante uma sessão de tortura numa cava de areia em Paranaguá, foram interrogados ontem na delegacia local. Ambos estão afastados do trabalho, conforme informou o comandante do 9.º Batalhão da PM, tenente-coronel Jack Holmmer. Familiares do rapaz estão amedrontados e dizem que se sentem ameaçados pela polícia.
Os soldados Juarez de Ramos Cordeiro, com 22 anos de trabalho na Polícia Militar, e Anderson Pinheiro das Neves, há 5 anos na corporação, negaram ter agredido a vítima, embora tenham admitido que a prenderam. Segundo eles, o rapaz era suspeito de ter furtado uma bicicleta. Porém, ao invés de levá-lo para a delegacia, resolveram soltá-lo próximo de sua casa, porque estava embriagado.
Dúvida
A versão apresentada pelos PMs é contrária a história contada por duas testemunhas do episódio: a dona de casa Elza Moraes Tavares e o filho dela, Sandro Moraes Tavares. Os dois foram detidos junto com Laureci e igualmente levados para a localidade conhecida como Areias, próximo de um lixão existente em Paranaguá. Numa das cavas, os dois jovens teriam sido submetidos a sessões de afogamento e Laureci não resistiu. O corpo só foi encontrado na terça-feira, após muita pressão feita pela família do rapaz, que exigia que os policiais dessem conta de seu paradeiro.
Elza e o filho, ouvidos anteontem pelos delegados Silvio Rockembach e Cleiton José da Silva, afirmaram que participavam da mesma festa e viram quando Laureci foi preso. Como sabiam que ele não era uma má pessoa, intercederam em seu favor e em represália foram arrastados também para o camburão. Nas cavas, segundo as testemunhas, os PMs teriam primeiro ameaçado violência sexual contra a mulher e depois mandaram os rapazes se despir, promovendo o afogamento. Quando perceberam que Laureci não respirava mais, fugiram levando inclusive as roupas das vítimas dentro da viatura.
Apuração
De acordo com o tenente-coronel Holmmer, que recentemente assumiu o comando daquela unidade, todos os fatos serão devidamente apurados não só no inquérito instaurado pela Polícia Civil, mas também em um Inquérito Policial Militar que ele mandou instaurar. “Eles ficarão afastados do trabalho até que tudo fique devidamente esclarecido”, assegurou o oficial.
Já os delegados informaram ontem que pediram a prisão preventiva dos dois PMs.