O furto de mais de 100 armas de diferentes modelos e calibres, ocorrido na madrugada de sábado, no Fórum de Piraquara, começou a ser desvendado ontem, pela polícia, que conseguiu recuperar 52 pistolas, revólveres e escopetas. Nove pessoas foram detidas, entre elas dois menores, sendo que um é filho de um vereador do município. O pai, ao tomar conhecimento do envolvimento do adolescente, obrigou-o a cooperar com a polícia, o que resultou na detenção de outros oito acusados. Destes, quatro foram autuados em flagrante: Laertes da Silva Santos, 34 anos; Luís Carlos de Barros Macedo, o "Dinho", 22, que é suspeito de participar de outros crimes, inclusive um homicídio; Rafael Gomes Jess, 19, e César de Lara, 23. Outros três foram indiciados em inquérito.
A ousadia como o furto foi praticado levou a polícia à pensar na ação de uma quadrilha organizada, talvez ligada a grupos comandados por presidiários, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). No entanto, para surpresa de todos, com o desvendamento do caso, descobriu-se que os "quadrilheiros" não passavam de desocupados que sequer tinham para quem vender o armamento. As armas estavam sendo oferecidas "no varejo", em bares e outros locais semelhantes. Algumas chegaram a ser comercializadas por R$ 20,00 ou R$ 30,00. Outras trocadas por cervejas. Os receptadores também estão sendo indiciados em inquérito policial.
Investigações
O furto foi descoberto na manhã de segunda-feira, quando funcionários chegaram para o trabalho. A porta da frente do Fórum foi aberta com chave e todas as demais foram arrombadas com pé-de-cabra. Até agora, os responsáveis pela parte criminal do Fórum ainda não sabem o número exato de armas furtadas, mas calculam que seja em torno de 100. Os funcionários estão fazendo os levantamentos necessários, já que todas são catalogadas. Elas fazem parte dos processos criminais e só poderão ter um destino final quando os processos forem encerrados.
Assim que o furto foi constatado, as polícias Militar e Civil foram comunicadas. Logo descobriu-se o envolvimento do filho do vereador e de outro menor – de 17 anos -, que fazia estágio na Vara Criminal. Ele forneceu a cópia da chave da porta de entrada do Fórum, facilitando a invasão. A partir deles, as investigações foram aceleradas.
Durante quase 18 horas, policiais militares do 17.º Batalhão se empenharam na tarefa de recuperar o maior número possível de armas furtadas. A Justiça expediu os mandados de busca e apreensão, que passaram a ser cumpridos. Nos bairros São Cristovão, Vila Santa Maria e centro foram revistadas casas e estabelecimentos comerciais, onde ocorreram as detenções e apreensões do armamento.
Os policiais militares procuraram agir rapidamente, tentanto evitar que o armamento fosse negociado mais amplamente no município. "Fizemos um trabalho rápido para não dar tempo de as armas serem vendidas", explicou um oficial da PM. Aproximadamente 15 milicianos participaram da operação. Dentre as armas recuperadas estão pistolas, escopetas e, em sua maioria, revólveres, calibre 38.
Os detidos foram encaminhados para a delegacia de Piraquara para que fossem ouvidos e assim determinada a participação de cada um no crime. Alguns indivíduos foram detidos pela receptação.
O superintendente Dionísio Soccol informou que o trabalho continua para apurar onde estão as outras armas furtadas. Ainda na tarde de ontem, uma pessoa telefonou à delegacia dizendo que havia comprado uma das armas. Alegou que não sabia que era furtada. O homem entregou a arma na DP e foi indiciado em inquérito por receptação. A polícia orienta a outros receptadores que procedam da mesma forma, para diminuir problemas futuros.
