PM na quadrilha de assaltantes

Uma quadrilha acusada de pelo menos três assaltos e que seria chefiada por um soldado da PM foi desmantelada ontem pela Delegacia de Furtos e Roubos. O grupo, que além do policial inclui um foragido da Justiça, um ex-cobrador de ônibus e um funcionário de clube de alta sociedade, estaria agindo há mais de dois meses em Curitiba e Colombo.

Através de uma denúncia anônima, a equipe de investigação da DFR chegou primeiro ao nome de Márcio Aparecido Bodin, 32 anos, um foragido da Justiça de São Paulo que esteve preso por lesão corporal. Em seguida, foram detidos Eduardo Ahmad, 28 anos, ex-cobrador de ônibus, o recepcionista Éder Fiuza, 24 anos, e o soldado Paulo Sérgio Assis, também de 24. Os dois dividem um apartamento na Rua Eduardo Sprada, Cidade Industrial, local onde a quadrilha foi detida ontem pela manhã. Lá foram apreendidos telefones celulares, munição, uma pistola de brinquedo e três armas.

Éder e Márcio admitem participação no roubo ao Mercado Eucaliptos, em Colombo, ocorrido no dia 18 de novembro. Eduardo reconhece que esteve neste e no assalto ao Graciosa Country Club, no Bacacheri, no início do mês de novembro. Desempregado há um ano, ele atribuiu o ingresso no mundo do crime a um “momento de fraqueza” e à desigualdade social no País. “Uns têm muito e outros não têm nada. Foi duro ver meu nenê passando fome e caí nessa armadilha”, justifica ele, que já foi vítima de assalto quando era cobrador. “Levei até bala, olha aqui”, disse, mostrando a cicatriz no braço esquerdo. Outro roubo atribuído ao grupo foi o da empresa de ônibus Redentor, mas este ainda está sendo investigado.

Policial

Segundo investigadores da DFR, Éder é funcionário do Graciosa e armou toda a estratégia do assalto, embora não tenha participado diretamente. Tanto ele como os demais teriam indicado o envolvimento do PM em assaltos. “O soldado não entrava nos estabelecimentos. Ele fornecia as armas, dava fuga em sua Parati branca e depois fazia a divisão do produto em seu apartamento”, disse o investigador Paulo, da DFR. O delegado Alfredo Dib confirmou que o PM era o motorista da quadrilha, que faturou no assalto ao supermercado 13 mil reais e no clube, 10 mil.

Lotado no 17.º Batalhão, em Colombo, Paulo Sérgio há cinco trabalha na corporação. De acordo com seu chefe imediato, o capitão Marcos Menegolo, comandante da 4.ª Companhia do 17.º BPM, que abrange a cidade de Colombo, até então o acusado tinha “excelente conduta”. “Nos causou surpresa esta acusação. Ele será submetido ao Conselho de Disciplina e, caso seja considerado culpado, deve ser expulso da corporação”, afirmou o oficial.

As investigações continuam na intenção de averiguar a possível participação da quadrilha em mais assaltos. Há suspeita de que outros policiais militares também estejam envolvidos.

As prisões ocorreram alguns dias após o investigador Cristian Maximiliano Cordeiro, lotado na Delegacia de Furtos e Roubos, ser detido pela PM, acusado de extorsão.

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