Cerca de 400 pessoas participaram de uma manifestação, às 19h de ontem, no cruzamento da Rua Emílio Beling Filho com a linha férrea, no Uberaba, para protestar pelos danos causados pela chuva que caiu na noite de sábado. Queimando pneus sob os trilhos, os manifestantes obrigaram um trem a parar e por mais de três horas mantiveram a linha interditada. Como não havia uma liderança, muitos manifestantes que estavam alcoolizados se excederam, chegando a ameaçar tombar as viaturas da Polícia Militar, chamadas para manter a ordem no local.

Com a chuva, segundo os manifestantes, mais de 100 casas foram alagadas e muitos moradores perderam tudo o que tinham. Eles culpam a Prefeitura Municipal por não manter limpas as valetas e não tomar providências para o escoamento da água. Uma grande valeta por onde corre todo o esgoto de quatro vilas não comportou a vazão, inundando toda a região. “De madrugada tinha mulher caminhando com água pela cintura, levando os filhos nos braços”, contou Adão dos Santos, 23 anos, que há 11 anos mora na Vila Alvorada e teve sua casa invadida pela água. “Eu perdi tudo, até a comida que estava nos armários. Na minha casa só sobrou um sofá”, lamentou o rapaz.

Desentendimento

De acordo com Antônio Carlos Ferreira, 43, conhecido por “Carioca”, presidente da Associação dos Moradores da Vila Alvorada, os prejuízos foram muitos não só na Alvorada, mas também nas vilas Torres, Itiberê e Icaraí (esta é uma invasão). Ainda hoje ele pretende formar uma comissão e procurar a Sanepar e representantes do governo do Estado para que alguma providência seja tomada.

Como a manifestação surgiu de forma espontânea e não foi organizada, depois de algum tempo a situação ficou descontrolada, com discussões e brigas entre moradores de diferentes vilas, que se acusavam mutuamente de ter aberto ou fechado valetas, o que estaria dificultando a vazão da água. Diante da possibilidade de ocorrer uma briga generalizada e com as ameaças feitas aos PMs do Regimento de Polícia Montada que estavam no local com quatro viaturas, foi necessário mobilizar a Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone). Quando as viaturas da Rone chegaram, mais de 100 pessoas saíram correndo e trataram de se esconder, temendo prisões.

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