Na condição de foragido da Justiça – com mandado de prisão expedido em dezembro do ano passado – a situação do prefeito afastado de Rio Branco do Sul, Bento Ilceu Chimelli, piora a cada dia. Acusado de vários delitos, inclusive de usar funcionários da Prefeitura para trabalhar em suas empresas, Chimelli deverá responder também por homicídio duplamente qualificado. Ontem ele foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná como mandante do assassinato de João Ricardo Pinto Ferro, conhecido como “João Coró”, que era diretor da Emprosul, empresa pública vinculada ao município de Rio Branco.
A denúncia foi oferecida em conjunto pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público (área criminal) e pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC). De acordo com os promotores, Chimelli foi quem forneceu a arma para o crime, ocorrido em 14 de junho do ano passado, dentro da empresa. Ferro foi morto com dois tiros na cabeça, disparados à queima-roupa. O autor dos disparos foi Daniel Batista França, conhecido por “Docinho”, que tinha condenação por roubo e trabalhava para o prefeito afastado.
Puxar o tapete
Testemunhas ouvidas pelos promotores afirmaram que uma semana antes de morrer, Ferro confidenciou que o prefeito o estava ameaçando de morte, porque ele se negava a contratar mais funcionários para a Emprosul – indicados por Chimelli, por conveniência pessoal, assim como se negava a endossar cheques do município. A vítima ainda teria dito a parentes e conhecidos que “estavam querendo lhe puxar o tapete”, mas que se caísse, levaria muita gente junto.
A arma utilizada contra Ferro foi encontrada pela PIC, no mês passado, quando do cumprimento de mandado de busca e apreensão, determinado pelo Tribunal de Justiça, na empresa de Chimelli (a Cal Chimelli), num dos cômodos ao qual apenas ele tinha acesso. O exame de balística, realizado pelo Instituto de Criminalística, confirmou que se tratava da arma do crime, o que propiciou mais um pedido de prisão preventiva contra o prefeito. O mesmo pedido foi feito para Daniel França, que está foragido. O Tribunal de Justiça deverá analisá-los nos próximos dias.
Buscas
Na semana passada, policiais militares e promotores realizaram buscas na tentativa de encontrar Chimelli, já que surgiram informações de que, mesmo foragido da Justiça, ele estava aparecendo nos escritórios de suas empresas, para fazer despachos e tomar providências. As buscas foram infrutíferas.
Por ter exercido o cargo de prefeito, Chimelli não deverá ser julgado em primeira instância, mas sim pelo Tribunal de Justiça do Paraná, o mesmo ocorrendo com França. Mas caso o prefeito venha a perder o mandato definitivamente, será julgado no Tribunal do Júri de Rio Branco do Sul.