PM dá crédito à família de rapaz executado

A Polícia Militar já admite que a versão da família é a mais provável para explicar o assassinato de Ednaldo da Cruz, 19 anos, ocorrido sábado de madrugada, na Fazendinha. O inquérito policial militar está instaurado e apura as denúncias da avó e do irmão da vítima, que acusam policiais militares de saírem da casa de Ednaldo sem prestar-lhe socorro, minutos depois de estampidos terem sido ouvidos. O rapaz foi encontrado agonizante no quarto e morreu no hospital.

O coronel Daniel Alves de Carvalho, comandante do 13.º Batalhão – grupamento a que pertencem os quatro policiais envolvidos naquela madrugada em ocorrências na Rua Aristides Borsato, Jardim Estrela, Fazendinha, onde morava a vítima – disse que todas as hipóteses serão averiguadas e não haverá pré-julgamentos. “Por enquanto a versão da família é mais clara, mais aparente, e em cima dela vamos trabalhar. Se não apresentar-se verdadeira, partiremos para as outras”, reconhece o oficial.

Contradições

O comandante salientou que há contradições entre os depoimentos dos policiais e dos parentes. Na madrugada do crime, duas solicitações oriundas da Rua Aristides Borsato chegaram pelo telefone 190, ambas citando briga entre familiares. Os dois policiais indicados para atender ao primeiro chamado, às 3h40, alegam que nada foi encontrado e que a ocorrência foi encerrada.

Outra equipe, também com dois “praças”, confirma que esteve em contato com a avó da vítima, Maria Ferreira da Cruza 57 anos, por volta das 4h30. Segundo eles, a mulher apenas relatou que o rapaz já havia sido transportado ao hospital. Depois das orientações de praxe, a ocorrência também foi finalizada.

Tiros

Em depoimento oficial, Maria relatou que foi acordada pelo neto, irmão de Ednaldo, por causa de um forte barulho de latas batendo. Ambos foram à casa da vítima, no mesmo terreno, e viram dois PMs fardados com armas nas mãos. Depois de se identificar como avó de Ednaldo, Maria teria sido aconselhada pelos policiais a voltar para casa, pois o rapaz estava dormindo tranqüilamente.

Quando os PMs saíram com a viatura, a mulher e o neto viram Ednaldo agonizando na cama, com um tiro nas costas e outro na virilha. Havia marcas de sangue no sofá, onde o rapaz teria sido baleado. Um tio o levou ao Hospital do Trabalhador, onde morreu pouco depois.

O comandante do 13.º BPM informou que, nos próximos dias, outras testemunhas serão ouvidas. “Estive pessoalmente na casa da avó do rapaz, colocando-me à disposição para acolher qualquer nova informação”, falou o coronel, que rechaçou possibilidade de protecionismo. “A imprensa e o advogado da família estão acompanhando o caso às claras. Mas não posso fechar o inquérito em 24 hora e apontar culpados sem embasamento. É preciso tempo para investigar”, continuou.

Os quatro policiais – cujos nomes são mantidos em sigilo – foram afastados de suas funções a aguardam o desenrolar do inquérito. As armas e as viaturas utilizadas por eles passaram pela perícia da Polícia Científica.

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