PIC prende policiais de Araucária por extorsão

Enquanto o delegado Jairo Estorilio apresentava uma quadrilha de assaltantes à imprensa, na tarde de ontem, dois investigadores da delegacia faziam “acerto” em uma das salas dos fundos, com o caminhoneiro Arno Jagnowo, 45 anos. Por volta das 16h, policiais do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco) e promotores da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) invadiram a delegacia e prenderam o policial civil Jorge Luiz Pacheco. O outro investigador acusado da extorsão e corrupção, Roberto Batista Soares, conseguiu escapar. Além de Pacheco, um funcionário da prefeitura chamado Eliel foi detido e levado à PIC.

O caminhoneiro, que mora em Realeza, sudoeste do Estado, foi abordado há alguns dias pelos policiais acusados, que vistoriaram seu caminhão Mercedes Benz, placa AAZ-0430, e disseram que o veículo estava adulterado. De acordo com a denúncia, Arno garantiu que o caminhão tinha procedência lícita, apresentou notas e se dispôs a colaborar com a polícia. Mesmo assim, Pacheco e Roberto teriam lhe pedido R$ 5 mil para esquecer o assunto.

Arno não tinha o dinheiro e, apavorado com a situação e com o fato de os policiais telefonarem para ele constantemente, tentando intimidá-lo, procurou a Promotoria, que orientou como o caminhoneiro deveria agir e armou o flagrante.

Oferta

Promotores da PIC orientaram Arno a oferecer R$ 1 mil para os policiais e grampearam o telefone da vítima. Todas as conversas foram gravadas.

Ontem, os promotores entregaram a quantia para o caminhoneiro “pagar” os policiais e todas as notas foram marcadas. Além disso, mandaram Arno fazer a negociação com o telefone celular ligado no bolso.

Enquanto o delegado Jairo e o superintendente Edson Costa atendiam a imprensa no gabinete – junto com policiais militares do Grupo Águia -, em uma das salas da delegacia era feita a negociação.

Flagrante

A maior parte dos repórteres já havia saído da delegacia. “Eu já tinha terminado a matéria e estava esperando um colega do lado de fora. Quando vi os carros do Gerco chegarem e os policiais gritarem ?cerca a delegacia?. Corri para dentro com o meu gravador”, relatou o radialista Irajá Baran, da Rádio Nacional.

Ele contou que os policiais do Gerco e os promotores ficaram uma hora dentro da delegacia. Nem os repórteres nem as vítimas que aguardavam para fazer queixa, bem como advogados e funcionários da delegacia puderam deixar o local. “Ficamos todos presos lá dentro até acharem o dinheiro. Já iam nos revistar, mas encontraram o que procuravam dentro de um armário”, disse o radialista. No meio do tumulto, Roberto conseguiu escapar do flagrante.

Surpresa

O delegado Jairo Estorílio disse que ficou surpreso com o ocorrido. “Eu nem imaginava o que estava acontecendo. Se realmente os dois policiais extorquiram o caminhoneiro dentro da delegacia e com quase toda a imprensa presente, eles serão punidos”, afirmou o delegado. “Eles sabiam da apresentação dos assaltantes. E mesmo que não tivesse, não deveriam ter agido desta maneira. Se a acusação é verdadeira, devem pagar”, acrescentou Jairo.

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