Prejuízo estimado ao País é de R$ 5 bilhões.

A Polícia Federal realizou ontem uma megaoperação para prender envolvidos com a máfia dos combustíveis no Rio, São Paulo e Paraná. Policiais federais apreenderam ontem, em cinco escritórios em Cambé, na região de Londrina, uma série de materiais como notas fiscais, extratos bancários, agendas e computadores, que deverão confirmar nomes de envolvidos com a máfia dos combustíveis que atua nos três estados. A polícia também cumpriu o mandado de prisão contra Vanderlei Celestino de Oliveira, 52 anos.
 
Considerado um dos responsáveis pela sonegação fiscal, Vanderlei estava foragido e foi preso em Catanduvas (SP). A megaoperação da Polícia Federal, batizada de Poeira no Asfalto, teve início às 5h, quando os policiais cumpriram os mandados de busca, apreensão e prisão que já haviam sido expedidos pela Justiça.
Até o fim da tarde de ontem, 35 mandados de prisão haviam sido cumpridos. Entre os envolvidos, 21 são agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que recebiam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil de propina para liberar caminhões de combustíveis, principalmente de álcool, com notas fiscais frias, e dois são policiais civis. Um dos presos é o ex-superintendente da PRF no Rio Francisco Carlos da Silva, de 50 anos, o Chico Preto. Os outros detidos são fiscais da Receita Estadual, da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e empresários do ramo de combustível, que aliciavam os policiais.
Além dos mandados de prisão temporária expedidos pelo juiz Alexandre Libonati de Abreu, da 2.ª Vara Criminal Federal do Rio, os policiais cumpriam ontem mais de 100 pedidos de busca e apreensão no Rio, em Volta Redonda (sul fluminense), em Campos dos Goitacazes (norte fluminense) e nos Estados de São Paulo e do Paraná. Na casa de um fiscal preso em Itatiaia (sul fluminense), a PF encontrou dois sacos de dinheiro, com R$ 400 mil. Outros três fiscais foram presos no Rio. Documentos, computadores e até armas foram apreendidas.
Na casa do agente Luiz Carlos Roque, em Campo Grande (zona oeste), por exemplo, um automóvel BMW, um Vectra, duas motocicletas e 600 cartuchos de munição .40 foram apreendidos. Ele era chefe da 3.ª Delegacia da PRF, na Rodovia Rio-Santos. Luis Carlos Simões e Paulo Roberto Pinheiro da Cruz, chefes da 1.ª e da 6.ª Delegacias, na Via Dutra, também foram presos. A operação começou num condomínio de luxo da Barra da Tijuca (zona oeste), onde cinco pessoas foram presas.
O delegado da PF de Brasília Cláudio Nogueira, que coordena a operação no Rio, contou que uma investigação sobre o ex-superintendente levou a PF à quadrilha. Afastado do cargo desde o ano passado por suspeita de corrupção, Chico Preto estava sendo investigado pela PF havia quase dois anos. Segundo o delegado, além de exercer influência sobre os agentes, ele determinava a liberação de veículos. Entre seus supostos atos de corrupção, está o recebimento de propina para a liberação de veículos de combustíveis com notas fiscais fraudulentas.
De acordo com a PF, a quadrilha agia há cinco anos. As notas fiscais eram produzidas por falsários de São Paulo e do Paraná. “Empresários contratavam estelionatários, falsários de notas fiscais que serviam para acobertar o combustível sonegado. Esse combustível abastecia pelo menos 110 postos de combustível no Rio”, explicou Nogueira. Segundo ele, esse crime causa prejuízo anual de R$ 5 bilhões ao País.
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