Pesquisa da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostra que 80% dos presos em liberdade condicional ou provisória, desde o início deste ano, já estão empregados. Dos 3,2 mil ex-presidiários orientados pelo Patronato Penitenciário do Estado, cerca de 2,5 mil conquistaram um emprego, formal ou informal.
Os trabalhos mais comuns desenvolvidos pelos detentos que terminam de cumprir pena estão nas áreas de vendas, construção civil, serviços elétricos e artesanato. Do total de ex-detentos orientados e encaminhados ao mercado de trabalho, 39% são autônomos, 19% possuem registro em carteira, 20% estão no mercado de maneira informal e 2% estão aposentados. Apenas 20% deles ainda não têm emprego garantido.
A ex-detenta Neusa Alves Corrêa, funcionária de uma indústria de componentes eletrônicos de Curitiba, é prova de que dá certo investir em projetos para reintegrar os presos à sociedade. Depois de um ano e meio no canteiro de trabalho que a Bematech mantém na Penitenciária Feminina do Estado, ela foi contratada como funcionária da empresa. “É uma grande conquista”, disse Neusa.
Outro exemplo de sucesso é o do ex-presidiário Anacleto Esfran, que agora é funcionário da DM Construtora. “Com os cursos que tive enquanto estava preso, consegui arrumar um emprego na construção civil. Ganhei a oportunidade e soube aproveitá-la”, afirmou Anacleto.
Para preparar os presidiários no processo de reintegração social, o governo estadual oferece 48 cursos de capacitação profissional nas áreas de construção, informática, panificação, artesanato e jardinagem. Além disso, são oferecidas aulas para os detentos e ex-presos completarem os ensinos médio e fundamental, enquanto cumprem as penas ou logo que deixam o sistema penitenciário.
Vestibular
Doze presos que cumprem pena na Colônia Penal Agrícola, de Piraquara, participarão do próximo vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), previsto para dezembro. Oito deles fizeram o Exame Nacional de Cursos, o Enem, e aguardam os resultados para acrescentar às notas que vão obter no concurso.
Os presidiários estão estudando duas horas por dia. Nos finais de semana, eles passam até oito horas na sala de aula, equipada com televisão e videocassete. As dúvidas são esclarecidas com os professores. “Nós estamos fazendo de tudo para passar”, disse Paulo Sérgio Mantovani, que vai concorrer a uma vaga no curso de Ciência da Computação. Entre os cursos escolhidos pelos detentos estão Direito, Nutrição, Matemática, Filosofia e Engenharia Mecânica.