A perícia técnica paralela encomendada pelo advogado de Gilmar e Cristiane Yared, pais de Gilmar Rafael Yared, morto no acidente em que se envolveu o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, Elias Mattar Assad, apontou que há indícios de que imagens da câmera do posto de combustíveis localizado no local da ocorrência foram adulteradas.
A perícia também concluiu que o Passat alemão do parlamentar estava numa velocidade de 191,52 quilômetros por hora no momento do acidente. O acidente aconteceu na Rua Ivo Zanlorenzi quase esquina com a Paulo Gorski, no bairro Mossunguê, em Curitiba.
A perícia paralela concluiu que há indícios de adulteração na câmera oito do posto porque “frames”- o número de quadros por segundo de um dispositivo de geração de imagem – foram mexidos.
Ou seja, entre os segundos 23 e 24 nas quais o Passat apareceria, há cópias de outros “frames” anteriores repetidos, nas quais não aparece o veículo. “É uma fraude processual. Mas quem tentou adulterar as imagens não conseguiu apagar tudo. Já que o ex-deputado disse que não lembra de nada, então a ciência tem como lembrar”, afirmou o advogado.
A perícia mostra ainda uma simulação virtual de como teria sido o acidente: o Honda das vítimas entrando na rua, lentamente, sendo seguido por um outro carro cujo condutor testemunhou no inquérito – e sendo atingido pelo Passat que decolou antes de se chocar. A perícia também mostra o carro do ex-parlamentar capotando várias vezes depois de atingir o Honda.
Já a velocidade do Passat foi concluída com cálculos da Física, como por exemplo examinando a velocidade em que os outros carros estavam, comparando com o tempo percorrido de todos os veículos.
O atrito também é outro fator que contribuiu para o cálculo. Segundo Assad, já há fatos suficientes para uma ação penal. No entanto, sobre outros vários pontos que ainda não foram esclarecidos, o advogado disse que tudo tem que ser apurado – como por exemplo o fato de os radares das ruas não terem mostrado o carro do ex-deputado.
“Temos uma série de indagações para serem respondidas. A questão do hospital que está sendo investigado, os laudos do sangue que apresentaram dúvidas, os radares, pessoas importantes do Paraná que conversaram naquela madrugada. Mas tudo isso pode ser apurado numa CPI”, afirmou Assad.
Para Cristiane, a perícia só reitera mais uma vez a violência do acidente, além da tentativa de adulteração que já havia sido apontada como uma possibilidade. “É uma vergonha. Como pode alguém já pela manhã estar catando as fitas para adulterar enquanto nós chorávamos a morte de nosso filho? Mas a verdade vai vir à tona”, afirmou Cristiane.
A perícia paralela deverá ser encaminhada pelo advogado à Polícia Civil e ao Ministério Público. O proprietário do posto onde estavam instaladas as câmeras foi procurado pela reportagem ontem, mas não foi encontrado.
O delegado da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), Armando Braga, disse que ainda não tem conhecimento da perícia paralela, e que por isso não pode comentar sobre ela ainda. Sobre a perícia da polícia, o delegado informou que ainda não tem previsão de quando ela ficará pronta. A assessoria do ex-deputado também foi procurada, mas não atendeu as ligações.