Pente-fino evita fuga no 3.º DP

A superlotação carcerária no 3.º Distrito Policial (Mercês) está fazendo com que os presos lá retidos se rebelem constantemente. Depois de tentativas de fuga e de inícios de rebeliões no decorrer da semana passada, no fim da tarde de ontem os policiais realizaram uma operação pente-fino na carceragem.

Os detidos da ala dos fundos foram despidos e levados até o solário para que as celas pudessem ser revistadas. Desta forma, os policiais descobriram um novo buraco aberto na parede, o que significava que, dentro de mais algumas horas de “trabalho”, os encarcerados poderiam ter fugido.

A situação é caótica naquele distrito policial, transformado há pouco tempo em Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão ou Central de Polícia. A unidade centraliza o recebimento de suspeitos detidos pela PM na região Norte de Curitiba, no horário noturno.

Ontem, estavam enclausurados 147 presos, sendo que a capacidade do xadrez é estimada para 36. A superlotação incentiva os detentos a tentar um método diferente para fugir daquele local. Na revista de ontem, alguns apetrechos utilizados pelos presos para “minar” a parede, e assim conseguir quebrá-la, foram apreendidos.

Tentativa

Na madrugada de quinta para sexta-feira, os policiais que estavam de plantão conseguiram descobrir que os detidos de uma das celas estavam fazendo uma perfuração na parede. O plano foi descoberto e a referida cela interditada, fazendo com que os presos que lá estavam fossem transferidos para outro espaço. Como as demais celas também estavam superlotadas, a decisão de colocar mais gente dentro delas, incitou uma nova tentativa de fuga. Na noite de domingo, os presos quebraram os cadeados de uma das alas com o objetivo de chegar na cela que estava interditada, ampliar o rombo na parede e alcançar a liberdade.

Entretanto, o barulho dentro da carceragem alertou novamente os plantonistas, que solicitaram apoio do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e da Polícia Militar. Com a tentativa de fuga frustrada, os detentos iniciaram uma rebelião que também foi prontamente abafada. Os rebelados pleiteavam melhores condições e transferências de alguns para outros distritos, com o objetivo de aliviar a lotação.

Para se ter idéia do problema vivenciado pelos presos, está ocorrendo rodízio dentro das celas para que eles possam dormir.

Perigo

A superlotação também expõe ao perigo os moradores do bairro. Ao redor do distrito existem prédios residenciais e casas, que correm o risco de ser invadidos, caso haja uma fuga em massa.

Instalações são antigas e frágeis

A equipe da Tribuna teve acesso ao interior da carceragem do 3.º DP e pôde constatar a situação vivida pelos presos. Mas se as condições de vida deles é difícil, os policiais têm trabalho redobrado. Além das funções que são atribuídas por lei aos policiais, eles também têm que cuidar do presos, uma tarefa nada fácil devido à constante tensão na carceragem.

Na operação pente-fino realizada ontem, além de colheres e outros objetos feitos pelos presos para raspar paredes, os policiais também tiveram que recolher pedaços de metal (placas) que os presos utilizam como chapas para esquentar comida. Com esse instrumento, eles descobriram uma maneira de “minar” a resistência das paredes do local. Esquentam a chapa de metal e com o objeto quente o encostam na parede. Logo em seguida, pegam água fria e jogam na pequena área, proporcionando uma espécie de choque térmico que enfraquece o material de revestimento da parede.

Sabonete

Para não despertar a atenção dos policias em eventuais verificações na carceragem e encobrir o buraco feito, os detidos aplicam uma massa feita com sabonete. Dessa maneira, se a parede não for minuciosamente averiguada, a farsa não é descoberta e a fuga é uma questão de oportunidade. “Temos que fazer vistorias todos os dias”, disse um policial.

A preocupação é justificada. Ao observar as paredes da carceragem do distrito policial, por dentro, nota-se que ela se transformou em um verdadeiro queijo suíço devido às constates quebras feitas pelos detentos e pelos remendos realizados pela polícia. A estrutura do prédio é datado da década de 70.

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