Desmantelada ontem, em Cascavel, uma das maiores quadrilhas de roubo de cargas do País. Ao todo, oito pessoas foram presas, entre empresários e assaltantes. Elas responderão por furto e roubo qualificado, seqüestro, estelionato, receptação e tentativa de homicídio. A ação fez parte da Operação Pégasus, que envolveu policiais civis do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) e da 20.ª Subdivisão Policial de Toledo, que contaram com o apoio de delegacias da região e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).
Durante a operação, 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Em uma mansão na cidade de Cascavel foram encontrados dezenas de cheques de valores altos não divulgados pela polícia e dois carros de luxo, usados pela quadrilha. Além disso, os policiais apreenderam armas, munição, nove veículos, entre eles um caminhão, e dezenas de documentos de veículos que foram roubados pela quadrilha.
De acordo com o delegado chefe da Polícia Civil de Toledo, Alexandre Macorin, as investigações começaram em abril. "Estávamos atrás de informações sobre um único roubo e nos deparamos com uma operação criminosa gigantesca", revela. Além do Paraná, a quadrilha atuava em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia, com ramificações no Paraguai. O delegado estima que o grupo tenha lucrado mais de R$ 20 milhões com os crimes.
O coordenador do Nurce no Paraná, delegado Sérgio Inácio Sirino, conta que foi acionado por Macorin para que aprofundasse as apurações. A partir daí, os policiais descobriram uma enorme rede envolvendo ladrões, receptadores, estelionatários e donos de desmanches. "A quadrilha tem um altíssimo nível de organização, com pessoas que complementam as ações criminosas comprando as cargas ou repassando informações de cargas para serem roubadas", conta.
Segundo Marcorin, o grupo era violento, atirando e seqüestrando caminhoneiros para conseguir levar os veículos. Os motoristas ficavam reféns dos assaltantes e eram mantidos em cativeiros até que os ladrões conseguissem esconder a carga ou então levá-la ao Paraguai. Ao menos 22 furtos e roubos de cargas e caminhões foram realizados por esta quadrilha. A polícia suspeita que eles realizavam pelo menos quatro assaltos por mês.
Golpe
A quadrilha seria comandada por Cleverson José Rodrigues da Silva, proprietário de uma transportadora que está também no nome de seu pai, Jacob Luiz Rodrigues da Silva. Eles contavam com a ajuda de caminhoneiros que funcionavam como informantes para o planejamento dos assaltos. "Eles abordavam colegas em postos de combustível e descobriam o destino das cargas, os tipos, valores e assim planejavam todo o roubo", conta Sirino.
Os ladrões então abordavam a vítima e entravam no veículo atirando, para assustar o condutor. Roubavam o caminhão e abandonavam o motorista amarrado e vendado em um matagal. Uma ou duas pessoas eram as responsáveis por vigiar o motorista para que não fugisse durante este período. A carga era levada para galpões alugados, para que fosse descarregada e revendida posteriormente.
Um estelionatário emitia notas fiscais frias para que a mercadoria pudesse ser revendida. "Além do estelionatário, existia também o receptador, que alimentava todo o processo, já que comprava toda a mercadoria roubada por um preço bem abaixo do mercado", complementou o delegado.