Execução de Joaquim teve testemunhas, mas a polícia só conseguiu poucos detalhes. |
Logo que saiu de sua casa, no Jardim Paraíso, em Almirante Tamandaré, o pedreiro Joaquim Cordeiro da Trindade, 34 anos, foi assassinado com três tiros, às 7h15 de quarta-feira, na Rua Leonardo Muraski. Atingido no peito, no pescoço e na cabeça, ele tombou no meio da rua e morreu pouco antes dos socorristas do Siate chegarem.
A perita Gisele Floriano, do Instituto de Criminalística, informou que no local encontrou duas cápsulas de pistola calibre 380 e um projétil. “Ao que tudo indica, foi detonado próximo à cabeça da vítima e deve ter atingido uma pedra. Constatamos também uma entrada de projétil no pescoço e uma no peito”, disse a perita, que continuaria os exames no Instituto Médico Legal.
O sargento Emídio, do 17.º Batalhão, informou que não obteve muitas informações. “Os moradores ouviram os disparos e viram um elemento correndo. As informações são poucas e não ajudam muito”, disse.
Tiros
A mulher da vítima, Diana Antunes Rosa, disse que Joaquim se despediu para ir trabalhar e deixou a residência, na Rua Simão Domacoski, assim como fazia todos os dias. Minutos depois, ela ouviu os tiros e saiu para ver o que acontecia. Deparou com o marido estendido no meio da rua, a poucos metros de sua casa. “O patrão dele chamou o Siate e a polícia, mas demoraram tanto para chegar que ele morreu”, lamentou Diana, que era casada com Joaquim há quatro anos, com quem tem uma criança de um ano e seis meses. “Eles vieram porque o patrão do meu marido foi chamar. Só aparecem por aqui quando morre alguém. Aí não adianta mais. Polícia aqui não tem. Depois de morto tem que buscar. Sempre assim”, desabafou. “Polícia aqui é só para enfeitar Tamandaré. Polícia ganha dinheiro do povo e não descobre nada. Matam mulher, homem e nada.” Diana disse que seu marido não tinha rixa com ninguém do bairro. “Isto não é coisa de gente daqui. É de fora”, acrescentou.
No local os moradores comentaram que o autor vestia uma calça manchada, parecida com as usadas pelos homens do Exército. O criminoso usava boné e carregava um mochila nas costas.
Violência
A irmã da vítima, Zeni Cardoso da Trindade, também reclamou da violência na cidade. Além de Joaquim, outros dois irmãos seus foram assassinados: Carlos Cordeiro da Trindade, o “Carlinhos”, foi morto no segundo domingo de maio de 1998. “Era dia das mães. Até hoje a polícia não fez nada. O autor era um tal de “Pedrão”, que fugiu e ninguém sabe informar o paradeiro”, lamentou. O outro, Osni Cordeiro da Trindade, foi assassinado no dia 12 de outubro de 1999. “Até hoje ninguém sabe quem foi. Não tem ninguém atrás das grades. Estamos cansados de tantas mortes e ninguém vai preso. Vou esperar. Se a polícia não fizer nada, vamos fazer justiça”, disse a moça. “Eu não sei quem é, mas muita gente viu e vamos descobrir.”