O delegado Gerson Machado, da delegacia de Pinhais, solicitou à Justiça a decretação da prisão preventiva do ex-prefeito do município, Siegfried Boving, mais conhecido como "Zico", 53 anos, que administrou Pinhais na gestão de 1997 e 2000. "Zico" está indiciado em 13 inquéritos policiais naquela delegacia e responde a duas ações penais na Comarca de Piraquara. Ele tentou se reeleger em 2000, mas ficou em segundo lugar. Procurado ontem pela reportagem da Tribuna, o ex-prefeito negou-se a falar sobre o assunto. "Se quer saber sobre isso vá na delegacia", resumiu.
O ex-prefeito foi denunciado em 2002 e 2003, quando ainda administrava o município, por crime de responsabilidade de prefeito. Nas duas ações pesam contra "Zico" a mesma acusação: "nomear, admitir ou designar servidor, contra expressa disposição de lei". Quanto aos inquéritos policiais, em 1998 o ex-prefeito foi indiciado sob a acusação de invasão de domicílio e dano, mas o crime prescreveu e o inquérito foi arquivado. Em 2001, "Zico" foi novamente investigado pelo crime de responsabilidade, mas por "negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente".
No ano seguinte, o Ministério Público solicitou ao delegado de Pinhais que instaurasse inquérito policial contra o ex-prefeito por crimes de responsabilidade. As acusações eram de que "Zico" se apropriou de bens, rendas públicas ou desviou em proveito próprio ou alheio. Este inquérito ainda está em andamento. Já em 2002, novamente o Ministério Público requereu que fossem instaurados quatro inquéritos policiais pelos mesmos crimes de responsabilidade. No mesmo ano a promotoria do município pediu para que a polícia instaurasse dois inquéritos contra o ex-prefeito por ele ser acusado de dispensar ou inexigir licitação para hipóteses não previstas na lei. O ex-prefeito ainda responde inquérito por peculato e por exercer função, atividade, direito, autoridade de que foi suspenso ou privado por decisão judicial.
Ainda pesa contra o ex-prefeito o crime previsto no artigo 359-C do Código Penal, que descreve como crime "ordenar ou autorizar a assenção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do mandado ou legislatura, que não possa ser paga no mesmo exercício".
Para piorar a situação do ex-prefeito foi juntado nos inquéritos policiais, certidões do Tribunal de Contas do Paraná, desaprovando suas contas.
Em março "Zico" confessou que em 2000 autorizou a contratação de professores em período eleitoral, mas justificou que o concurso público foi anterior a esta data. Em seu depoimento, o ex-prefeito disse ainda que não se beneficiou de verbas públicas em nenhum momento.