Indignação

Passageiros reclamam que superlotação é constante

Pegar o ônibus Araucária – Curitiba em horário de pico no terminal Vila Angélica é uma grande dificuldade. Quem atesta isso são os usuários da linha, que reclamam do transtorno que é utilizá-la.

O auxiliar de produção Adan Oscar da Silveira diz que os ônibus estão sempre lotados e entrar em um deles é um desafio. “As pessoas ficam se empurrando para poder embarcar. Já vi acidentes por aqui, como uma mulher que caiu da plataforma. Faltam veículos para atender a toda a população”, diz.

Para a auxiliar de laboratório Tatiane Crystina de Lima, a linha sempre opera no limite nesses horários. “Além de terem poucos ônibus, os motoristas andam rápido e freiam bruscamente, fazendo com que as pessoas sejam jogadas uma contra as outras. Foi colocado ônibus articulado para a linha, mas não resolveu porque são poucos carros.”

Em casos de acidentes, a Urbs tem a responsabilidade objetiva do fato, ou seja, independente de quem é a culpa. O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 22, diz que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes e seguros”.

Depois do acidente de ontem, quando uma mulher morreu ao cair do Ligeirinho, cogitou-se que o fato ocorreu porque o ônibus estaria superlotado. Mas, segundo a Urbs, a linha Araucária -Curitiba está adequada, não necessita de mais veículos e nem de alterações de horários.

Ainda de acordo com a Urbs, técnicos da área de programação do órgão fazem pesquisas de oferta e demanda das linhas da cidade, como manda a Lei Geral do Transporte Coletivo (Lei 12.597/2008), com o objetivo de aumentar o número de carros, ou alterar horários, se necessário. Vinte veículos fazem a linha Araucária – Curitiba, todos os dias, transportando uma média de sete mil pessoas em 120 viagens diárias.

Passageira cai de ônibus e é atropelada

Mara Andrich e Marcelo Vellinho

A vida de Cleonice Ferreira Golveia, 29 anos, terminou brutalmente no início da manhã de ontem, na Cidade Industrial. Ela caiu de um ônibus Ligeirinho depois que uma das duas portas se abriu, com o veículo em movimento. A mulher foi atropelada pelo coletivo e morreu na hora. O acidente aconteceu na Rua Vicente Michelotto, na Vila Verde, perto da divisa com Araucária.

Fábio Alexandre
Cleonice ia espremida para o trabalho, quando a porta abriu.

Houve problema na trava da porta, mas não se sabe se devido à superlotação ou a algum problema mecânico. A Urbs deve concluir em 15 dias a perícia que irá apontar as causas do acidente.

Em nota, a empresa informou que “numa análise preliminar, os técnicos constataram a possibilidade de ter havido falha mecânica no dispositivo de segurança”. A Polícia Científica deverá apurar se o problema foi causado pela superlotação.

Aniversário

Cleonice, que fez aniversário anteontem, pegou o ônibus em Araucária, com destino a Curitiba, onde trabalhava como secretária em uma empresa de motoboys. Foi a última passageira a subir no Ligeirinho placa AMK-7388.

Por causa da grande quantidade de pessoas no veículo, ela ficou prensada contra uma das duas portas, sobre a faixa que diz: “Evite permanecer nesta área”. Poucos minutos depois, por volta das 7h30, a porta se abriu. Passageiros ainda tentaram segurar Cleonice, mas ela caiu e a roda traseira do ônibus passou por cima de sua cabeça.

O perito Silvestre, do Instituto de Criminalística, apurou que houve falha no sistema de travamento. De acordo com ele, a porta é composta por duas folha,s que se fecham simultaneamente.

“Depois que a passageira entrou, a porta, por algum motivo, fechou de maneira errada. Isso fez com que a folha que trava ficasse para dentro e deixou a outra solta”, explicou Silvestre.

Testemunhas

O motorista do Ligeirinho, Silvestre Farinhak, 50 anos, estava abalado. Testemunhas comentaram que ele percebeu o momento da queda, mas não teve tempo de evitar o atropelamento e o veículo parou cerca de 20 metros depois.

O ônibus da linha Araucária -Curitiba é gerenciado pela Urbs, mas os veículos e a contratação dos motoristas ficam a cargo da empresa Araucária Transporte Coletivo.

O técnico de segurança do trabalho da empresa, Mauro Medeiros, informou que o motorista trabalha há mais de 20 anos na empresa e  ganhou prêmio por não ter se envolvido em acidentes no ano passado. A Araucária Transporte Coletivo também fará perícia no veículo.

Tarifa na Promotoria

Luciana Cristo

O abaixo-assinado contra o aumento de 15,7% na tarifa dos ônibus de Curitiba e da Rede Integrada de Transporte (RIT) foi entregue ontem à Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor por representantes de partidos políticos e movimentos sociais.

Os promotores Maximiliano Ribeiro Deliberador e Cristina Corso Ruaro vão anexar a manifestação popular ao inquérito civil instaurado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) no último dia 19, a partir de pedidos de providências protocolados pela Associação dos Usuários do Transporte Coletivo de Curitiba e Região Metropolitana (Autraco) e por vereadores da capital.

Segundo o vereador Pedro Paulo (PT), a coleta de assinaturas vai continuar. A prefeitura de Curitiba tem até a semana que vem para entregar ao MP-PR informações sobre a formação da nova tarifa. “Sem o relatório da auditoria e as informações da prefeitura não podemos avaliar se o reajuste foi ou não correto”, afirma Deliberador.

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