Os moradores do Parolin acordaram desconfiados ontem. Das janelas e dos portões de casa, eles observaram 300 policiais militares e 50 guardas municipais tomarem a região que faz limite com a Vila Guaíra. A operação é o primeiro passo para a implantação da segunda Unidade Paraná Seguro (UPS) do estado, daqui a uma semana.

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De acordo com o tenente-coronel Nerino, comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), há alguns meses são feitas investigações na região e prisões foram realizadas pela Polícia Civil. Agora teve início o saturamento completo da área, com abordagens a pessoas, veículos e estabelecimentos suspeitos. A partir do dia 10, os 40 policiais com treinamento comunitário chegarão e devem permanecer no bairro.

Drogas

“O forte aqui era o tráfico de drogas e a briga entre facções criminosas, que gerava vários homicídios. Só com a nossa presença isso reduzirá muito. Iremos banir daqui os elementos nocivos”, ressalta Nerino.

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Assim que os policiais chegaram, prenderam dois rapazes que saíam de uma casa. Um deles carregava 40 pedras de crack e o outro levava mais cinco. Eles foram encaminhados ao 2.º Distrito Policial (Rebouças). No início da tarde, um quilo de pasta base de cocaína foi apreendido em uma casa.

Por volta das 16h30, a polícia começou uma operação da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu). Policiais civis e militares, bombeiros, Vigilância Sanitária e órgãos da prefeitura vistoriaram diversos estabelecimentos comerciais, principalmente bares, em busca de irregularidades.

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Confiança vem pouco a pouco

A maioria dos homens observava a ação com desconfiança. Em alguns casos, o olhar direcionado aos bloqueios policiais era ameaçador. “Agora é mais fácil angariar a simpatia de senhoras e crianças, mas até dia 10 esta confiança na polícia deverá estar presente em todos”, espera o tenente-coronel.

A confiança era o assunto de duas mulheres que aguardavam um ônibus, na Rua Antônio Parolin Júnior, ao lado do módulo móvel da Guarda Municipal. Elas não quiseram ser identificadas. A mais velha, de 69 anos, relatou que mora na região há 51 anos. “Não tenho medo. Os criminosos só fazem mal para quem deve”, conta. Sobre a presença da polícia, ela relatou que, se inocentes não forem presos, será positiva.

A outra mulher, de 65 anos, teve um sobrinho assassinado na região, há um ano, e dois netos estão presos por roubo. Ela aparentava estar muito contente com a presença policial. “O problema são os traficantes, são os que mandam matar. São esses que os policiais têm que pegar. Os usuários não fazem nada, até nos tratam bem”.

Sossego

Na Rua Professor Leônidas Ferreira da Costa, o Paraná Online conversou com duas irmãs, com idades entre 20 e 30 anos, uma delas com uma criança no colo. Elas relataram que moram no bairro desde que nasceram e já viram operações semelhantes, mas depois que a polícia deixava a região, a criminalidade voltava.

Elas esperam que esta ação seja permanente. “Vou ficar menos preocupada com a possibilidade de meus filhos serem atingidos por uma bala perdida. As crianças vão poder brincar na rua sem medo dos motoristas que abusam da velocidade”.

Gangues aterrerozam a área

“Se tivesse um módulo no Parolin, não teriam tantos homicídios”, disse Paulo Sérgio do Santos, o “Bocão”, ao preso em janeiro, pela Delegacia de Homicídios, suspeito de assassinatos no bairro, pela briga entre as gangues “De Cima” e “De Baixo”.

Na quantidade de homicídios, o Parolin está, na nona posição, empatado com o Xaxim, nos quatro primeiros meses do ano. Porém, a briga de gangues, que impôs terror aos moradores, foi um dos motivos que levou à ocupação do bairro. Além dos assassinatos, outras pessoas foram baleadas na região, inclusive crianças vítimas de balas perdidas, durante confrontos das duas gangues.

O que também chamava muito a atenção, disse o delegado Rubens Recalcatti, era o intenso tráfico de drogas e a morte de viciados devedores. Recalcatti considera um avanço importante a instalação da Unidade Paraná Seguro (UPS), e acredita que a ação ajudará a reduzir gradualmente o trabalho da delegacia na região.

Operações

Esta não foi a primeira vez que o Parolin foi ocupado pela polícia. Há exatamente sete anos, o bairro foi alvo de uma megaoperação com 700 policiais civis e militares, em 200 viaturas, 60 motocicletas e cavalos. Poucas semanas antes, a mesma megaoperação tinha ocorrido na Vila Torres e os bandidos de lá fugiram para o Parolin. No entanto, os policiais retirados de outros pontos da cidade para o Parolin, tiveram que voltar às suas regiões, que estavam descobertas. Com isso, a violência voltou a tomar conta, em poucos meses.

Veja a galeria com as imagens da operação.