Rio de Janeiro (AG) – Com a captura, na última quarta-feira, em São Paulo, do carioca Dimitrius Papageorgiou, de 36 anos, e prisões realizadas esta semana simultaneamente em Brasília, Rio, São Paulo, Santa Catarina e Fernando de Noronha, a Polícia Federal acredita ter desarticulado a maior quadrilha de tráfico internacional de drogas sintéticas que atuou no País nos últimos dois anos. Dimitrius, que também tem nacionalidade grega, é acusado de comandar uma quadrilha que nos últimos anos aliciou jovens de classe média alta ? quase sempre praticantes de esportes radicais, como o surfe ? para transportar cocaína para países com grande fluxo de turismo na Europa e Ásia.

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Dimitrius foi preso por policiais federais de manhã, quando desembarcava no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em vôo procedente de Paris. A cocaína, segundo a PF, era trocada nesses países por drogas sintéticas, principalmente ecstasy, skunk (uma espécie de maconha) e LSD, depois trazidas ao Brasil para serem entregues a uma rede de distribuição com ramificações em vários estados.

Policiais civis do Distrito Federal prenderam, entre terça e quarta-feira desta semana, sete dos oito integrantes de Brasília da organização especializada no tráfico internacional de ecstasy. Todos os acusados são de classe média alta. Entre eles, foi preso em Fernando de Noronha, quinta-feira à noite, o engenheiro ambiental e instrutor de surfe Marco Antônio Gorayeb, de 42 anos, numa ação conjunta da Polícia Civil de Pernambuco e do arquipélago, que cumpriam mandado judicial de prisão expedido pela Justiça Federal de Brasília.

Paranaense

Ao todo, informou o delegado Ronaldo Magalhães, coordenador da unidade nacional de combate às drogas da PF, cerca de 50 pessoas foram presas nos últimos 15 meses no País. A PF disse que a quadrilha movimentava muito dinheiro, mas não soube precisar o montante. "Prendemos uma das maiores organizações de tráfico de drogas sintéticas do País. Uma quadrilha que atuava usando a cocaína como moeda de troca na Europa e na Ásia", disse o delegado Ronaldo.

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Segundo a PF, foi a quadrilha de Dimitrius Papageorgiou que mandou para a Indonésia o paranaense Rodrigo Gularte, de 32 anos, recentemente condenado à morte por um tribunal do país por tráfico de drogas. Gularte foi preso em julho do ano passado, no Aeroporto Internacional de Jacarta, quando tentava entrar no país com seis quilos de cocaína escondidos dentro de pranchas de surfe. O grupo é responsável ainda pelo aliciamento de outros jovens que acabaram presos nos últimos meses em Frankfurt, Paris, Amsterdã e Lisboa.

Batizada de Playboy, a operação da PF foi coordenada pelo delegado Fernando Amaro de Moraes Caieron, deslocado na última semana de Santa Catarina para São Paulo. Além de Dimitrius, foram presos pela PF, na última quarta-feira, Temístocles Emanuel da Silva, de 28 anos, e Rodolfo dos Santos Felício, de 27 anos, em Florianópolis. O delegado informou que os jovens eram aliciados com a promessa de receberem cerca de dois mil euros (cerca de R$ 7 mil) para cada quilo de cocaína transportado. Além disso, explicou o delegado, todas as despesas de viagem (como alimentação, transporte e hospedagem) ficavam por conta da quadrilha. "O perfil do jovem aliciado era sempre o mesmo: surfistas, praticantes de vôo livre e de outros esportes radicais. Quase todos tinham domínio de um segundo idioma e eram de famílias de classe média alta", disse o delegado Fernando Caieron.

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O policial informou que a cocaína vinha de carro da Colômbia, Bolívia, Peru e Paraguai. Para seguir para a Europa e a Ásia, a droga era escondida em pranchas de surfe, equipamentos de vôo-livre e pranchas de windsurfe. "Considerando a maneira como a cocaína era camuflada, e considerando o perfil das pessoas envolvidas ? jovens em sua maioria ? dava-se preferência a pessoas que apresentassem características de, efetivamente, serem praticantes de tais esportes. Além disso, indispensável o conhecimento e domínio do segundo idioma", afirmou o delegado.