O mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais brasileiras, divulgado ontem pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), coloca o Paraná como o sexto estado da Federação com mais locais apontados: 106, no total. A Superintendência da PRF no Paraná, porém, contesta os números, afirmando que o mapeamento apurou 82 pontos, o que colocaria o Estado na sétima posição. O levantamento tem por objetivo traçar ações estratégicas de repressão a este tipo de crime.
Em todo o Brasil, foram identificados pela PRF 1.819 pontos suscetíveis nos 61 mil quilômetros da malha rodoviária federal, 1.100 quilômetros somente no Paraná. O Estado também foi responsável, segundo a superintendência local, pelo encaminhamento de 18 menores em situação de risco aos conselhos tutelares entre o segundo semestre do ano passado e primeiro deste ano, em meio aos 150 encaminhamentos registrados em todo o País.
Os números nacionais são superiores aos de 2006, quando 127 crianças e adolescentes foram identificados nessa situação pela polícia. No Paraná, entretanto, diminuiram um pouco, já que em 2006 foram 19 menores encaminhados pelos policiais aos conselhos. O motivo, segundo a superintendência regional, é a constante fiscalização e repressão à atividade, motivada por operações específicas e ações pontuais, por meio de denúncias.
Dentre os pontos vulneráveis, destacam-se postos de combustíveis, comércios na beira das estradas, além de bares e boates. ?No Paraná, notamos grandes concentrações nos dois extremos da BR-277, ou seja, entre Cascavel e Foz do Iguaçu, na região da fronteira com o Paraguai, e na área abrangida pelo Porto de Paranaguá?, destaca o chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da PRF no Paraná, Gilson Cortiano.
A vulnerabilidade do Estado, segundo Cortiano, também está associada ao fato de o Paraná ser cortado pelas principais vias de interligação Norte-Sul do País, as BRs 116 e 101, esta, nomeada como 376 ao passar pelo Estado. A Região Metropolitana de Curitiba e os entornos da capital por onde passam as BRs também são destacados como pontos suscetíveis.
Evolução
O levantamento de 2006 revelou 1.222 pontos favoráveis à incidência de violência sexual contra menores. Em 2005, eram 844 pontos identificados. Para a PRF, no entanto, o crescimento do número de pontos é resultado do aparelhamento do órgão para o enfrentamento do problema e não reflete aumento do número de casos. Além disso, a polícia explica que a quantidade de pontos identificados não está diretamente relacionada à gravidade do problema nos estados, já que é variável o número de menores encontrados em situação de risco num único ponto.
BR-277 é o local mais crítico no Paraná
Os 82 pontos delimitados como de risco de exploração sexual infantil pela Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Paraná estão distribuídos da seguinte forma: 39 pontos na BR-277 (sendo 30 somente no trecho oeste); 16 pontos na BR-116; 13 pontos na BR-476; 9 pontos na BR-376, e 5 pontos na BR-373.
Já o Departamento de Polícia Rodoviária (DPRF), com sede em Brasília, aponta, no Paraná, para 49 pontos na BR-277; 21 na BR-116; 8 na BR-476; 10 na 376, e 13 na 373, conforme tabela divulgada no site da OIT. A assessoria de imprensa do DPRF diz que a discrepância nos dados não é de sua responsabilidade, uma vez que os números divulgados diriam respeito a informações repassadas pela superintendência no Paraná. A PRF local, entretanto, nega ter passado o número contido na tabela do departamento.
Mesmo assim, segundo a tabela postada no site da OIT, os pontos mais vulneráveis do Paraná estão localizados, principalmente, em áreas urbanas cortadas pelas rodovias (59 pontos), seguidos das áreas rurais (47), postos de combustíveis (37) e bares (32). A superintendência regional não divulgou números específicos por locais, alegando razões estratégicas de repressão ao crime.